Conhecido por seu perfil comedido na Assembleia Legislativa (Alesc), o deputado Rodrigo Minotto, de base eleitoral em Forquilhinha e Criciúma e cumprindo segundo mandato pelo PDT, pediu licença e abriu artilharia em evento ao lado do governador Carlos Moisés na última sexta-feira (10), em Balneário Arroio do Silva, no litoral Sul. No alvo, o ex-governador Raimundo Colombo (PSD) e o senador Jorginho Mello (PL).
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– Tem certas coisas que a gente começa a perceber o quanto é diferente uma gestão da outra – começou o deputado, durante ato na Câmara de Vereadores onde era observado por Moisés, que acabara de receber o título de cidadão arroio-silvense.
– Não é do meu estilo, pela minha forma de ser. Mas em um passado recente tinha um governador que vinha para cá e mandava os prefeitos fazerem projetos – afirmou, chamando a atenção de Moisés e dos demais vários presentes. – Façam projetos que vou arrumar dinheiro do Fundam, ele dizia – mencionou Minotto, sem citar o nome de Raimundo Colombo, embora a clara referência ao antecessor de Moisés.
O deputado foi além, chamando de “golpe” a ação de Colombo em relação aos prefeitos nos tempos do Fundam. – Era recurso que o cidadão catarinense tinha que pagar depois. Um monte de prefeito não tinha nem recurso para fazer os projetos, se dedicaram a fazer os projetos para receber R$ 1 milhão, R$ 2 milhões. E esse dito governador aplicou um golpe em todos os prefeitos do nosso estado. Lamentavelmente, aconteceu isso – afirmou.
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Em seguida, Minotto foi além, referindo que é avalista do atual governo “que pede os projetos e, quando o projeto chega, o dinheiro já está na conta”. Daí, disparou contra Jorginho, usando como ponto de partida os recentes aportes estaduais para obras federais em Santa Catarina.
– Não adianta mentir nem iludir as pessoas. Tem um certo senador que fica dizendo coisas do atual governo, e fazendo selfie com o presidente da República, fazendo vídeo do presidente e o Governo do Estado tem que investir em obras federais, que são responsabilidade do governo Bolsonaro – disparou, recebendo aplausos no ambiente, inclusive de Carlos Moisés.
E Minotto avançou, apontando críticas em relação ao governo Bolsonaro. – Esse dito senador, quais recursos ele conseguiu para recuperar a BR-470? Eu estive em São Miguel d´Oeste, a BR-163, é lamentável uma rodovia federal naquele estado. Na Serra da Rocinha, o Estado está investindo num lugar que é obra da União – destacou. – Fazer vídeo, fazer live é bonito. Mas nós aqui fazemos as contas. Temos que ter é respeito com o cidadão catarinense, respeito com o eleitor catarinense que votou para o Governo Federal que está tendo esse desprezo com o estado. Tem hora que enche o saco, por isso estou fazendo esse desabafo – emendou.
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O pedetista afirmou ao governador, ainda, que “não tem prefeito que não elogie o seu mandato, a sua gestão”. E finalizou comentando sobre o incremento dos investimentos estaduais em bolsas de estudos, uma demanda que o deputado acompanha de perto.
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A leitura do cenário eleitoral
Não é de hoje que o deputado Rodrigo Minotto tem sido próximo do governo Moisés. Isso vem do primeiro ano de governo, tempo em que a colega Ana Paula da Silva, a Paulinha, ainda era do PDT. Paulinha foi expulsa do partido em maio, em total afinidade com Moisés. A participação dela enquanto líder do governo, à revelia do desejo da cúpula do partido, foi um fator que pesou contra a parlamentar, ainda hoje sem partido.
Sem ela, Minotto ficou como o único deputado do PDT na Alesc. E seu projeto é de busca de um terceiro mandato. Minotto é afilhado político de Manoel Dias, o líder maior e presidente do PDT catarinense. Embora a proximidade entre Minotto e Moisés, não há convite para o governador ingressar no partido, nem sinal de alinhamento em 2022.
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O PDT vem integrando os debates da frente ampla de esquerda com PT, PSB, PCdoB, PV, PSol e Rede. O ex-deputado Fernando Coruja é pré-candidato do partido ao Governo do Estado e o PDT tem metas claras: garantir palanque para Ciro Gomes em Santa Catarina e assegurar a eleição de ao menos um deputado federal e dois estaduais.
Mas as falas contundentes de Minotto contra Colombo e Jorginho, opositores de Carlos Moisés, não foram, certamente, feitas à revelia do Palácio d´Agronômica. O clima eleitoral cada vez mais tempera os bastidores.
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Os citados andaram pela região
Raimundo Colombo esteve em Criciúma no sábado (11). Discursou em encontro regional do PSD com entusiasmo, reforçando sua intenção de pré-candidato ao Governo do Estado. Compartilhou palanque com o ex-prefeito de Blumenau, Napoleão Bernardes, e com o prefeito de Chapecó, João Rodrigues, que participou por vídeo.
No ato, estavam pré-candidatos do PSD à Alesc e à Câmara Federal entre os quais a liderança maior dos pessedistas na região Sul, o deputado Julio Garcia, ex-presidente da Alesc e candidato à reeleição, e o deputado federal Ricardo Guidi, que buscará segundo mandato em Brasília.
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Jorginho Mello passou por Criciúma na quinta-feira (9). Ele tomou parte do ato de filiação ao PL do ex-deputado estadual Cleiton Salvaro, que é atual primeiro suplente do PSB e não disputará a eleição em 2022, anunciando apoio ao ex-prefeito Márcio Búrigo, de Criciúma, que buscará uma cadeira na Alesc.

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