A Serra do Rio do Rastro não está pronta, governador

O governador fez uso das redes sociais na noite desta quinta-feira (9) para comemorar o avanço de algumas obras em Santa Catarina. No topo da lista, Carlos Moisés menciona que a Serra do Rio do Rastro está pronta. Essa afirmação diz respeito à SC-390, de Lauro Müller a Bom Jardim da Serra, rodovia que conecta as regiões carbonífera e serrana. A estrada, depois de 500 dias de obras em suas encostas, foi reaberta ao tráfego.

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Mas não é bem assim. A Serra do Rio do Rastro não está pronta. O que está concluída, depois de 17 meses de obras, é a intervenção em 25 pontos de encostas, 23 no trecho serrano e dois em Orleans. Foi um investimento da Defesa Civil federal, que repassou R$ 19 milhões para execução da obra pelo Governo do Estado, que começou em julho de 2020.

Foram fixadas barreiras metálicas, tais como grades de alta resistência, em pontos onde vinham ocorrendo, nos últimos anos, deslocamentos de rochas, que geravam acidentes e interrupções no tráfego. De fato, uma obra difícil, e de grande relevância. Mas não foi tudo. A SC-390 não está pronta.

No fim da tarde de terça-feira (7), um comerciante de São Joaquim subia a SC-390 quando, já na metade do trecho, tomou um susto. Uma rocha deslizou e atingiu a Saveiro VW que ele conduzia. A pedra acertou a lateral do carro, entortou a roda e cortou o pneu. O motorista não se feriu.

A Secretaria de Estado da Infraestrutura (SEI) emitiu nota tratando do assunto. Nela, confirmou o rolamento da pedra, que se deslocou perto de um ponto de contenção, “o que só demonstra a importância das obras realizadas”. Na nota, ainda, é informado que a intervenção ocorreu nos 25 pontos mais críticos, e a rocha em questão não estava nesses setores. “De toda forma, a empresa responsável pelo serviço foi acionada e rapidamente realizou a remoção do material do local”, detalhou o documento.

Secretário visitou a estrada nesta quinta

Seja como for, o episódio fez levantar a preocupação com a reabertura da SC-390. Ocorre que, durante a obra, a estrada era fechada diariamente, das 7h às 19h, e mantida aberta às noites, em condições adversas. Mas com a conclusão da obra contratada, o Estado optou pela reabertura.

O secretário de Estado da Infraestrutura, Thiago Vieira, esteve na SC-390 nesta quinta, analisando o trecho e confirmando o fim das obras e a abertura plena do trecho aos veículos. Em conversa com lideranças da região, ele destacou que “a Serra não foi selada ou blindada”, advertindo que poderão ocorrer novos deslizamentos.

Thiago Vieira apontou que os riscos foram amenizados, “o que não descartou a hipótese de novas quedas”. Ele garantiu a prefeitos que o questionaram que a SEI continuará monitorando para eventuais manutenções futuras. Não está descartada a possibilidade de um novo plano futuro para contenção de mais pontos de encostas.

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Pavimento ruim, iluminação apagada

Mas quando apontamos que a SC-390 não está pronta, é que ainda há muito a ser feito ali. As placas de concreto que formam o pavimento foram colocadas no leito, até então de uma perigosa estrada de chão, no governo Esperidião Amin, entre novembro de 1984 e novembro de 1986. Logo, há um mês a pavimentação completou 35 anos.

Desde então, não houve uma ampla reforma. Há placas de concreto rachadas. Outras, quebradas. O aspecto não é bom. A expectativa do Governo do Estado é lançar um programa de recuperação desse pavimento ainda no primeiro semestre de 2022. As 2,2 mil placas foram investigadas, fotografadas e analisadas, uma a uma, para identificar a melhor forma de recuperar. A meta é concluir o projeto de recuperaçãpo dessas placas até março.

Se conseguir contratar e começar a obra ainda em 2022 (é ano eleitoral, há amarras em relação a prazos) o Estado assegura (e isso foi reiterado pelo secretário Thiago na visita desta quinta-feira) que a recuperação do pavimento não exigirá bloqueios da SC-390. Será possível executar essas melhorias com fechamentos parciais da rodovia, que tem 25 quilômetros e 284 curvas. 

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E há mais um problema: a iluminação da SC-390 não funciona. Está apagada, e não é de hoje. Trafegar à noite por ali é bastante arriscado, mas há quem se arrisque. Também na visita desta quinta, o secretário Thiago garantiu que ainda em dezembro deve ser lançado o edital de licitação para recuperar o sistema. 

O governador Moisés anunciou, em setembro, o investimento de R$ 742 mil para reacender as luminárias, trocando as antigas lâmpadas, instaladas em 2002 em 220 postes metálicos. A projeção é instalar novas lâmpadas de LED, e começar a execução até março.

Por tudo isso, está claro: a Serra do Rio do Rastro, que segue bonita, fascinante e visitável, ainda não está pronta. Vive um momento especial, ganhou o reforço de segurança nas encostas, tem um 2022 promissor com recuperação do pavimento e iluminação e, no futuro, há o projeto que o Estado já lançou de um complexo turístico no Mirante em Bom Jardim da Serra. São boas expectativas.

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