Uma pedalada de 25 quilômetros é algo comum para os praticantes do ciclismo. Mas e para um trabalhador? Depender diariamente, faça chuva ou sol, dos pedais para chegar ao trabalho não é esporte. É necessidade mesmo.
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Ao menos na rotina de muitos moradores do bairro Barra Velha, no limite entre Balneário Rincão e Araranguá, no Sul catarinense. – Isso é comum aqui – lamenta Marcos Forcy, residente na comunidade.
Acontece que a Barra Velha, bairro mais meridional de Balneário Rincão, não vem contando com ligação com o próprio município do qual faz parte pelo acesso principal, na SC-100. A rota utilizada nos poucos horários operados no trecho pela empresa concessionária é feita pela Estrada Juvenal Silvano, via localidades de Campo Mãe Luzia e Coqueiros, já no interior da vizinha Içara. Com isso, os ônibus não passam por uma série de condomínios, residências e até empresas, deixando inúmeros trabalhadores literalmente a pé.
– Tivemos reunião até com o Deter e também com a empresa. Pedimos uma nova rota a partir da Barra Velha passando pelas lagoas, pelo bairro Pedreira e daí sim em direção a Içara e Criciúma, mas não fomos atendidos – sublinha Forcy. – Muitas pessoas moram na Barra Velha e trabalham por ali – observa. Nos vídeos, Forcy registra o caso de uma mulher que precisa da bicicleta para encurtar os 12,5 quilômetros que separam a sua residência, na Barra Velha, do local de trabalho, no bairro Pedreira.
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– Mas nessa semana tivemos outra reunião e a empresa colocou a possibilidade de operar a linha por esse caminho, mas com uma condição – expõe Forcy. – Eles pediram, nos próximos 15 dias, uma lista com 20 a 30 pessoas, com nomes e telefones, que estejam dispostas a usar esse ônibus. Se conseguirmos a lista, eles vão colocar uma linha provisória por 15 dias para estudar a adesão. Se os usuários continuarem, eles vão mantendo a linha. Senão, tiram de circulação – adianta.
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Longas viagens para ir e voltar
De segunda a sexta-feira, a Barra Velha é atendida com dois horários de saída, às 6h15min em direção a Criciúma (via Coqueiros) e 11h40min para Içara (via Campo Mãe Luzia e Poço 3). Para ir à Barra Velha há um ônibus que parte de Criciúma às 17h25min (via Içara e Boa Vista) e dois que arrancam de Içara, às 11h5min (via Campo Mãe Luzia e Poço 3) e às 18h15min (via Boa Vista). Nenhum chega ao Centro do Rincão muito menos faz o reclamado caminho pela SC-100.
Com isso, situações insólitas acontecem, como o caso de um trabalhador que está na Barra Velha, precisa ir ao bairro Pedreira, na SC-445, e para tanto acaba viajando até Içara (25 quilômetros) para então retornar ao Balneário Rincão por outro caminho e chegar ao destino desejado. – Quem trabalha na Pedreira tem que ir a Içara e depois voltar. Na região das lagoas também não tem ônibus – confirma Forcy.
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Problema que espanta investimentos
Essa situação vem atrapalhando até possíveis investimentos na região. Na Barra Velha corre a notícia de uma empresa que ampliou suas operações e não contrata moradores da localidade justamente pela falta de uma linha de transporte coletivo. – Essa empresa até quer, mas não consegue contratar pessoas dessa região – lamenta. – Mas agora surgiu uma esperança no fim do túnel – completa.
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Por outro lado, é voz corrente que a empresa que opera as linhas contabiliza prejuízos, que foram avolumados durante a pandemia de Covid-19. De superavitário no passado, o negócio do transporte passou, como em muitas outras cidades, a carregar pesado déficit. Enquanto isso, as pedaladas, caronas e caminhadas continuam na rotina de quem sonha em ter uma linha de ônibus mais perto de si.
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