Hashtag: composto de palavras-chave precedido pelo símbolo cerquilha (#) para organizar conteúdos e facilitar a procura dos usuários. Ferramenta recorrente e fundamental para o sucesso e a propagação de postagens nas redes sociais, o uso pode ser singelo mas, também, amplo e cercado de objetivos.

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Uma espiada nas redes sociais do prefeito Clésio Salvaro (PSDB), de Criciúma, e a recorrência da hashtag #SantaCatarina chama a atenção. Afinal, o que um prefeito de uma cidade do Sul do estado, em terceiro mandato e com boa aprovação popular, pretende reforçando essa identidade estadualizada em suas redes? Simples: estadualizar seu nome.

Quem por mais tempo comandou Criciúma

Salvaro ganhou a quarta eleição consecutiva para prefeito em 2020 (acabou na Justiça perdendo a de 2012, o que baixou a conta para três vitórias e três mandatos) e está, na soma dos períodos, em seu nono ano à frente de Criciúma. Em 2023, estará se tornando o homem que mais comandou a cidade na história: chegará a 11 anos, marca do terceiro prefeito da história de Criciúma, Elias Angeloni, que governou o município de 1933 a 1944. 

Neste ano de 2021, Salvaro está superando o segundo que por mais tempo administrou Criciúma: Addo Caldas Faraco (avô da deputada estadual Ada de Luca), que comandou a cidade por 9 anos e meio.

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Uma das posses de Salvaro como prefeito de Criciúma
Uma das posses de Salvaro como prefeito de Criciúma (Foto: Divulgação)

“Tenho 2026, com quem posso me encontrar”

Com esse histórico, Salvaro finalizará 2024 sem mandato dali para a frente. E é sabido o quanto, além de habilidoso e bom de voto, ele tem planos. Planos que guarda em círculo bastante restrito e que, inegavelmente, passam por galgar algo além. Há poucos dias, provocado como muitas vezes sobre o tema, chegou a dizer: – tenho idade e tenho 2026, com quem posso me encontrar -.

Em 2026 tem eleição estadual de novo. Em 26, Salvaro terá 63 anos. Para 2022, o prefeito já reforçou apoio à pré-candidatura do ex-deputado Gelson Merisio a governador pelo PSDB. Disse isso pessoalmente ao ex-presidente da Alesc há poucas semanas, em uma visita dele a Criciúma.

Mas Salvaro é não apenas aliado, mas padrinho político da atual presidente do PSDB catarinense, a deputada federal Geovania de Sá, que começou na vida pública com Salvaro, como secretária de Assistência Social entre 2009 e 2012. E Geovania poderá ser um nome bastante viável do PSDB à prefeitura de Criciúma em 2024. 

Se Merisio não decolar nos próximos meses, não será surpresa se o nome de Salvaro for à mesa das discussões entre os partidos. O prefeito vem recebendo gracejos de vários lados: é amigo e troca ideias com Jorginho Mello (PL), tem relação muito próxima com Esperidião Amin (PP) que não vem de hoje, recebeu cortejos recentes de Raimundo Colombo (PSD), dos prefeitos Gean Loureiro (DEM) e Fabrício Oliveira (Podemos) e até do ex-desafeto Eduardo Pinho Moreira (MDB). 

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Sobre o PSD, cabe lembrar que, se Salvaro renunciar para uma disputa estadual no ano que vem, o partido de Colombo, Napoleão Bernardes, João Rodrigues e companhia herdará a prefeitura de Criciúma. O vice Ricardo Fabris (PSD) está ali, discreto e fiel ao prefeito. No dia seguinte à reeleição no ano passado, respondendo a uma pergunta deste colunista sobre possibilidades para 2022, Salvaro disse: – Me provocaram de todas as formas. Diziam, Salvaro eleito, Ricardo prefeito. Junto com o Ricardo, não temos compromisso nesse sentido – garantiu.

Salvaro com o vice Ricardo Fabris no dia seguinte da reeleição em 2020
Salvaro com o vice Ricardo Fabris no dia seguinte da reeleição em 2020 (Foto: Denis Luciano / Arquivo)

Só no palanque do PT é que Salvaro não aparecerá. De resto, tudo é possível. Inclusive presença em alguma nominata majoritária em 2022 do hoje prefeito que goza de grande popularidade e nega renunciar à prefeitura.

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Salvaro e os bolsonaristas

Neste sábado (10), na mais recente #SantaCatarina em suas redes, Salvaro registrou uma agenda intensa de inaugurações, visitas e contatos políticos em Criciúma, além do contumaz apoio à campanha de vacinação contra a Covid-19, que pauta grande parte das suas manifestações.

– Tome sua vacina e não escolha, senão vai para último da fila – disse, reforçando o efeito de um dos seus decretos recentes. Entre os contatos deste sábado, caminhou pela manhã nas praças centrais de Criciúma, a Praça Nereu Ramos e a Praça do Congresso, ao lado do deputado federal Daniel Freitas (PSL). 

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Salvaro e Daniel nas praças de Criciúma neste sábado
Salvaro e Daniel nas praças de Criciúma neste sábado (Foto: Jhulian Pereira / Divulgação)

Bolsonarista de proa, Daniel teve outra candidatura à prefeitura em 2020 na cidade. Estava no palanque de Júlia Zanatta (PL), que terminou em terceiro lugar, mas mantém bom diálogo com Salvaro. De tradicional família criciumense, Daniel já comentou inúmeras vezes que cativa um antigo sonho, de ser prefeito da cidade. Logo, calcula os movimentos em relação ao atual.

Com apoio de Daniel Freitas, que destinará algum recurso de emenda parlamentar, Salvaro anunciará em breve os projetos de revitalização das duas praças. No círculo de Jorginho Mello, Daniel já foi especulado como um possível candidato a senador do bolsonarismo em Santa Catarina, a exemplo da colega de Câmara, a deputada Caroline de Toni, ambos de malas prontas para o partido que Bolsonaro escolher.

Salvaro não levanta a bandeira de Bolsonaro. É tucano e seguirá o rumo do seu partido, como fez em 2018, votando em Geraldo Alckmin no primeiro turno. No segundo, não abriu o voto, mas como não vota no PT (diz isso sempre), certamente digitou e confirmou o 17. Mas não colou no presidente na sua reeleição em 2020. 

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Salvaro, Geovania e Eduardo Moreira com Geraldo Alckmin na campanha de 2018
Salvaro, Geovania e Eduardo Moreira com Geraldo Alckmin na campanha de 2018 (Foto: Divulgação)

O mais próximo que o prefeito anda de Bolsonaro é na afinidade com Jorginho Mello e nas conversas com o empresário Luciano Hang, com quem compartilha amizade e, talvez, planos políticos. Hang já frequentou as redes sociais de Salvaro. Compartilharam uma live falando do lockdown não remunerado para servidores públicos que o prefeito decretou há alguns meses em Criciúma, fato que rendeu elogios do empresário.

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Hang elogiando medida de Salvaro em relação a servidores públicos na pandemia
Hang elogiando medida de Salvaro em relação a servidores públicos na pandemia (Foto: Reprodução)

A trajetória de Clésio Salvaro

Salvaro começou como vereador em Siderópolis pelo PFL em 1988. Foi reeleito em 1992 e, em 94, tentou pela primeira vez chegar à Assembleia Legislativa (Alesc). Foi quinto suplente com 16,6 mil votos. Quatro anos depois, bateu na trave. Foi primeiro suplente, com 26,5 mil votos. Assumiu em seguida, e efetivou-se em 2002, eleito com 48,3 mil votos.

Migrou para o PSDB, pelo qual disputou a prefeitura de Criciúma pela primeira vez em 2004, terminando a disputa em terceiro lugar com 17,3 mil votos. Reelegeu-se deputado estadual em 2006 como o mais votado do PSDB com 59 mil votos. Chegou à vice-presidência da Alesc.

Conseguiu se eleger prefeito em 2008 com 53,3 mil votos, 48,6% da preferência do eleitorado criciumense, encerrando um período de dez anos na Alesc. Na ocasião, bateu a força do ex-prefeito Décio Góes (PT) e a tradição do MDB que teve o ex-deputado Acélio Casagrande como candidato. Hoje, Acélio está no PSDB e é secretário municipal de Saúde na gestão Salvaro.

Salvaro elegeu-se em 2008 com os discursos do
Salvaro elegeu-se em 2008 com os discursos do “hora de quem trabalha” e do “Márcio Búrigo e eu” (Foto: Maurício Vieira / Agência RBS)

Reelegeu-se prefeito em 2012 com 85,5 mil votos, 76,4%. Em seguida, perdeu os direitos políticos, enquadrado na Lei da Ficha Limpa. Em eleição suplementar em 2013, conduziu o seu vice, Márcio Búrigo (então no PP, hoje no PL), a uma consagradora vitória, com com 72,2% dos votos. Márcio e Salvaro romperam em seguida, tanto que em 2016, já com os direitos políticos reconquistados, os dois se enfrentaram nas urnas e o tucano conseguiu grande vitória: 75,8% contra 11,9%. Curiosamente, o já citado Acélio Casagrande, ainda no MDB, havia sido vice de Márcio nesta disputa. Novamente, esteve em palanque oposto ao de Salvaro.

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E o tucano ganhou de novo em 2020. Alcançou 71,6 mil votos, 72,3%. 

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