Fundado em 1970 para ser o time de futebol de uma comunidade reconhecida pelas fortes raízes italianas e católicas, o Caravaggio Futebol Clube foi, por anos, um dos principais no cenário amador de Santa Catarina. Eis que, comemorado o cinquentenário em meio à pandemia de Covid-19, a diretoria ousou: optou pelo ingresso no futebol profissional. O time do distrito de Nossa Senhora de Caravaggio, em Nova Veneza, no Sul de Santa Catarina, encaminhava seu passo mais arrojado.
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E o arrojo rendeu frutos: a vitória deste domingo (14), 2 a 1 sobre o Itajaí no estádio Roberto Garcia, em Camboriú, fez o ex-amador Caravaggio subir de divisão logo na temporada de estreia, deixando a Série C e passando ao grupo de dez equipes da Série B do Campeonato Catarinense.
– Deu certo – vibrou o presidente Samuel Milanez, um dos jovens que lidera o trabalho do Azulão da Montanha, dono dos corações dos cerca de 5 mil habitantes do distrito de Nossa Senhora de Caravaggio, em Nova Veneza. A Série C estadual veio com nove times e o Caravaggio, faltando uma rodada para terminar a primeira fase, lidera com 21 pontos (7 vitórias e apenas 1 derrota), contra 18 do Blumenau e 15 do Itajaí.
Centenas de torcedores do Caravaggio tomaram a estrada e foram a Camboriú conferir o eletrizante acesso. Na volta, teve direito a carreata, que sacudiu a noite de domingo no pacato mas apaixonado distrito. A fé não esteve à margem.
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A imagem de Nossa Senhora de Caravaggio, carregada nas orações, na festa e historicamente na camisa do simpático time azul e branco, esteve também na convicção dos torcedores que ficaram em Nova Veneza e não se furtaram, neste domingo, a ir rezar no Santuário, quase vizinho do estádio no distrito.

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“Já temos o bolo. Falta a cereja”
Com acesso garantido, o Caravaggio espera agora por Itajaí ou Blumenau, que disputarão a segunda vaga no próximo fim de semana. Depois, um deles que também garantir a subida de divisão vai enfrentar o Azulão em dois confrontos para definir quem será o campeão. – Já temos o bolo. Falta a cereja. Queremos a taça – afirma o presidente.
Era noite de domingo e o estádio da Montanha estava com os refletores acesos. Centenas de torcedores mais o time fizeram uma festa toda especial. – Montamos um elenco forte, de jogadores trabalhadores e que vestiram a camisa – elogia Samuel.
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Agora, o desafio será um pouco mais complicado. A Série B do Catarinense deve começar entre março e abril em 2022, e contará com uma grande estrela: o Criciúma. Muitos dos fieis ao Caravaggio também são Tigre, afinal, acostumaram-se a curtir o Azulão no amador e o Criciúma representando a região pelo Brasil. Agora, serão adversários no futebol profissional. – Ah, uma vaga dessa B para a Série A de 2023 vai ser do Criciúma – aposta o presidente do Caravaggio.
Os outros adversários do novato Azulão na B estadual do ano que vem serão Metropolitano, Nação, Carlos Renaux, Guarani de Palhoça, Atlético Tubarão, Internacional de Lages e Atlético Catarinense, de São José, além da equipe que subir entre Blumenau e Itajaí.

A prioridade: o estádio
O Caravaggio não conseguiu jogar em casa nessa temporada. Mandou todas as suas partidas em Criciúma, no estádio Mário Balsini, do Próspera, onde se acostumou bem: ganhou todas, e sobe com 100% de aproveitamento como mandante. Mas a prioridade para 2022 é garantir que poderá jogar a Série B em sua casa, o estádio da Montanha.
– O estádio estará pronto em fevereiro, vamos jogar a Série B em casa – garante o presidente. Um muro de 600 metros está sendo construído no entorno do gramado, e ficará pronto em dezembro. – Depois vamos começar as obras dos nossos novos vestiários – aponta Samuel.
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Há um setor de arquibancada coberta, com capacidade para cerca de 1 mil torcedores. – Vamos instalar uma arquibancada móvel para torcida visitante, e nossa meta futura é trocar o gramado e também melhorar a nossa iluminação, já pensando na Série A do Catarinense – destaca. Mas será possível brigar por acesso já em 2022? – Claro que vamos com calma, mas nesse ano montamos um elenco sem saber o que aconteceria, e deu certo – comenta.

> Criciúma está de volta na Série B do Brasileiro
O dirigente reconhece que a antecipação do calendário da Série B vai apertar o próximo ano do Caravaggio. Acontece que o Criciúma solicitou uma antecipação da competição, que seria disputada em meados do ano, já que terá pela frente a Série B do Brasileiro. – Vai ficar um pouco mais apertado, vamos antecipar nosso planejamento, dificulta um pouco pelo lado financeiro mas vamos nos organizar – informa.
R$ 1,5 milhão
Com uma folha salarial de cerca de R$ 30 mil na Série C e investimento total que se aproximou de R$ 1,5 milhão para estrear no futebol profissional, o Caravaggio se encaminha para fechar a temporada de estreia com saldo positivo no caixa. – Tivemos muitos apoios, dos nossos sócios, dos vários patrocinadores que acreditaram no projeto – comemora o presidente.
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Um dos apoios, que confirma o tamanho da paixão dos torcedores do Caravaggio, veio com o lançamento recente de uma campanha para angariar recursos visando a conclusão do muro no estádio da Montanha. – Fizemos 200 cotas, cada uma a R$ 300, e em três dias vendemos a metade. Esse valor ajudará a concluir a obra e o torcedor cotista terá seu nome eternizado no muro – detalha.
Ainda sobre os gastos, de pronto, para deixar o amadorismo e ingressar no profissionalismo, foram R$ 435 mil de taxas junto à FCF e CBF. Depois, as obras e todo o investimento no time. – Não montamos elenco caro, que não pudéssemos pagar. Fizemos nas nossas condições. E pagamos tudo em dia – destaca. – Queremos continuar sendo uma boa referência no futebol catarinense, de clube organizado e que paga o que promete – completa.
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