Um projeto piloto de educação e que servirá de modelo para todo o país está sendo realizado em Chapecó. Em 2017 beneficiou mais de 6 mil alunos – 4 mil da rede municipal e 2,2 mil da rede estadual e do Senai da cidade, do ensino fundamental e médio. O projeto Desenvolvendo e Avaliando a Criatividade e o Pensamento Crítico foi construído em parceria do município com a Gerência Regional de Educação de Chapecó, o Instituto Ayrton Senna, a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e a Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc).

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De acordo com a diretora pedagógica da Secretaria de Educação de Chapecó, Sueli Suttili, o programa iniciou em 2015 quando a então secretária Astrit Tozzo soube do projeto do Instituto Ayrton Senna. O município se dispôs a desenvolver o piloto que tinha o apoio do Movimento Santa Catarina pela Educação, da Fiesc. A primeira etapa foi a capacitação dos professores para que implantassem a metodologia. No quesito criatividade, por exemplo, os professores aplicam durante suas aulas as chamadas “rubricas” do projeto, em que os alunos se autoavaliam nas seguintes opções: 1-Tô nem aí. 2-Cumpri a tarefa. 3-Tô avançando e gostando. 4-Arrasei.

A professora de Ciências da Escola Básica Municipal Jardim do Lago, Jaqueline Pompeu da Silva, disse que aplica a metodologia a cada bimestre, em três momentos diferentes.

— O objetivo é dar um tempo para que eles possam fazer sua própria avaliação e ir melhorando o trabalho — ressalta.

Uma das atividades propostas foi na Semana da Árvore.

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— No começou eu apenas cumpri a tarefa, mas depois vi que poderia superar os meus limites e, como gosto de cantar e dançar, fiz uma apresentação com a música a Árvore dos Bons Frutos e arrasei — conta a aluna Eduarda Disner, da 6ª série.

Sua colega Gabrielly Renata Harmatiuk fez uma paródia da música “Baile da Favela”, de MC João, com a ajuda de mais umas amigas, falando sobre a importância das árvores e do combate à poluição.

— No começo estava dando errado, mas depois tive essa ideia e deu certo – explicou.

O 7º ano criou a “Àrvore dos Sentimentos”, onde cada aluno colocava uma folha que poderia ser de alegria ou de tristeza. Outras alunas do 6º ano construíram cataventos, para que eles pudessem espalhar os sentimentos bons da árvore. O 7º ano também propôs ao plantio de árvores nativas. Eles mesmos foram atrás das sementes, mudas, de um composto que foi sugerido para os demais alunos plantarem suas mudas.

— Eu dou aula há 13 anos e essa experiência de ver os alunos indo além do que eu imaginava é algo que me emociona — frisa Jaqueline Pompeu.

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De acordo com Sueli Sutilli, a metodologia permite que o aluno vá se construindo, avaliando seus avanços e, com isso, desenvolve não apenas a parte cognitiva, mas também aspectos sócio-emocionais.

— O bem maior é uma educação integral, tratar o ser humano como um todo, isso vai auxiliar os alunos em outra atividades e também na vida adulta – avaliou Sueli.

Ela lembrou que o projeto iniciou com 15 professores e, neste ano, 80 já aplicaram as rubricas e 600 foram capacitados. Cerca de 40% dos alunos, em 28 das 42 escolas da rede municipal já foram envolvidos no projeto, que não é obrigatório. As atividades são registradas e também compartilhadas por outros professores por meio de um portal.

— Registrando o caminho o professor também vai percebendo a prática, ele se obriga a pensar sobre a prática, o educador vai fazendo a reflexão e colaborando um com outro — salienta  o vice-gestor da Escola Jardim do Lago, Jairo Francisco dos Santos, que também utiliza o método nas aulas de Português.

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Sueli Sutilli afirma que o projeto também mexeu com a postura dos professores na sala de aula. Recentemente o conselheiro do Movimento SC Pela Educação e diretor do Instituto Ayrton Senna, Mozart Ramos, esteve na Fiesc em reunião do grupo gestor do projeto e considerou os resultados satisfatórios. Em 2018 a meta é capacitar mais professores. Afinal, a mudança de postura de alunos e professores pode ajudar o Brasil a deixar de ser um dos lanternas nas avaliações internacionais. E Santa Catarina é pioneira também nesse aspecto. 

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