Uma pesquisa para dobrar a vida útil de dos ovos de galinha é um dos 59 projetos que estão em execução na Embrapa Suínos e Aves, de Concórdia. Destes, 41 estão sob a liderança da unidade catarinense e 18 em parceria com outras unidades. O projeto Nanovo – Desenvolvimento de recobrimento nanoestruturado em ovos comerciais – iniciou há dois anos. A pesquisadora Helenice Mazzuco, que há 23 anos trabalha na Embrapa e é pós-doutora em Nutrição, observou algumas películas que eram utilizadas para aumentar a vida útil da maçãs e decidiu fazer uma pesquisa inédita para aumentar a vida útil dos ovos.
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Ela estabeleceu uma parceria com a TNS Nanotecnologia S.A., que forneceu os biopolimeros comestíveis que foram utilizados na pesquisa. A pesquisadora passou, então, a desenvolver a melhor “receita” dos ingredientes para a colocação do revestimento. Depois, o produto foi aplicado com spray ou imersão. A aparência do ovo com o microfilme é mais brilhosa do que o ovo ao natural. Uma pesquisa sobre aceitação nos supermercados foi realizada e, enquanto alguns clientes não aprovaram a novidade, outros gostaram da invenção.
Durante oito semanas a pesquisadora avaliou se houve alteração no formato, textura e propriedades nutricionais.
– Conseguimos maior tempo de prateleira sem alterar as propriedades nutricionais e nem o sabor, isso é importante por exemplo para podermos ampliar as exportações, pois a validade aumenta de quatro para oito semanas com o biofilme – explica Helenice.
Ela conta que ainda não há um cálculo de o quanto isso vai impactar no preço do produto. Inicialmente esse custo é alto, mas acaba diluído a partir da produção em grande escala. O desafio agora é desenvolver uma máquina que aplique o revestimento. A empresa Fornari Ltda, de Concórdia, está desenvolvendo o equipamento.
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– Precisamos de uma máquina que possa aplicar o biofilme em grande escala. Acreditamos que em dois anos o produto poderá estar no mercado – avalia a pesquisadora, que é uma das 49 que trabalham na Embrapa Suínos e Aves, além de 206 funcionários.
Um espaço de pesquisas
A unidade da Embrapa foi criada em 1975 e conta com 51 mil metros quadrados de área construída em 210 hectares
Neste complexo há laboratórios que servem para pesquisas sobre poluição do meio ambiente, impacto das criações no efeito estufa e mapeamento genético de suínos e aves visando ao aumento de produtividade. Essas pesquisas ajudaram Santa Catarina se tornar uma das referências mundiais na criação de suínos e aves. Somente no ano passado o Estado exportou 276 mil toneladas de carne suína e 971 mil toneladas de carne de frango, totalizando US$ 2,6 bilhões.
O consumidor também percebeu algumas mudanças bem práticas da carna servida em casa, graças ao projeto de desenvolvimento do suíno light, há 18 anos.
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Nesse período o nível de gordura dos suínos, que produziam muita banha, acabou diminuindo cerca de 30%. O percentual de carne marga subiu de 50% para 62%. Isso é um exemplo da importância da pesquisa tanto para o setor produtivo quanto para o consumidor. Pesquisas que começam a ser ameaçadas por cortes de recursos adotados pelo governo federal, pois já há sinais de falta de equipamentos e materiais na unidade.