Com os dez dias de paralisação no setor produtivo em razão da greve dos caminhoneiros, será necessário mais de um mês para que a situação seja normalizada, estima o diretor-executivo do Sindicarnes, Ricardo de Gouvêa:

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— Com a eliminação de ovos e pintinhos, o ciclo vai levar de 30 a 40 dias para se normalizar, que é o tempo de crescimento do frango. Além disso, as empresas terão que negociar com clientes o atraso e formas de cobrir a perda financeira – explicou Gouvêa.

A Aurora Alimentos até conseguiu alojar a produção de um milhão de pintinhos por dia em aviários próximos de Chapecó, mesmo colocando o dobro do que é o normal. Agora terá que remanejá-los para outros aviários.

Mas em outras regiões houve sacrifício de aves, e alguns aviários estão vazios. Um dos produtores que ficaram sem receber os pintinhos foi Fernando Rossa, de Capinzal. Ele e a família têm 29 aviários que já estavam parados devido às férias coletivas da BRF após embargo europeu para 20 plantas de frigoríficos brasileiros, uma delas de Capinzal.

Ele também tem uma granja de produção de ovos, mas não recebeu as aves poedeiras, também devido à paralisação. Com isso deixou de produzir 20 mil ovos por dia.

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Mesmo quem tinha aves teve perdas, pois aumentou a mortalidade, já que muitas granjas ficaram até 48h sem ração. André Zezak, de Guatambu, ficou dois dias sem ração, de sexta-feira até domingo. Sua família tem 16,5 mil perus.

— Não chegaram a morrer mas ficaram dois dias sem ração. O abate já foi adiado duas vezes. Uma era para ser na terça-feira passada e outra nesta quinta-feira. Agora ficou para quarta da outra semana — lamentou.

Ele afirmou que vai perder dinheiro pois os animais já estavam prontos para o abate e ficaram uma semana a mais comendo ração sem engordar.

O fornecimento de ração ainda não foi totalmente normalizado. Lurdes Curtarelli, de Xaxim, que tem 1,2 mil suínos na engorda, recebeu seis mil quilos de ração na segunda-feira e já estava sem no início da tarde desta quinta-feira.

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Muitos animais, com os de Lurdes, sofreram com o racionamento de comida e outros ficaram fora do padrão de abate, pois ficaram uma semana a mais no campo.

A Aurora estuda adiar as férias coletivas em Abelardo Luz, que iniciam na segunda-feira, para abater os animais que ainda estão no campo. As férias coletivas em Guatambu, em julho, devem ser mantidas. Mas o recesso, também previsto em Quilombo, deve ser descartado.

A expectativa é que os abates sejam normalizados a partir da próxima semana.

No setor leiteiro, o presidente do Sindileite, Valter Brandalise, acredita que a produção nas indústrias e o fluxo de produtos deve ser normalizado até terça ou quarta-feira. O que vai ficar é um rombo financeiro.

— Foram dez dias que não foi produto para o mercado, produto que estragou, e sem faturamento. Além disso tem os custos fixos que precisam ser pagos. Acredito que haverá uma modificação dos preços — alertou.

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Ou seja, a conta desse prejuízo deve chegar aos consumidor.

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