A liberação de ração está sendo parcial neste sábado e o problema prossegue no campo, com animais morrendo, aves sem comida há 48 horas e descarte de leite. De acordo com o presidente da Associação dos Produtores e Integrados de Ovos Férteis do Oeste e vice-presidente da Associação Regional dos Produtores de Aves e Suínos do Meio-Oeste, Fernando Rossa, houve um acordo com lideranças do movimento dos caminhoneiros para que fossem liberadas cargas de ração para os animais que estão no campo, com um adesivo de urgência nos veículos. Esse acordo está valendo para a região de Joaçaba e Videira, para garantir o mínimo necessário para as criações.

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Porém, segundo Rossa, há uma militância em Catanduvas que está sendo irredutível. Lá foram liberadas apenas cinco cargas neste sábado e posteriormente houve bloqueio. Com isso cerca de dois milhões de aves da região de Capinzal estão ficando sem ração.

– Temos aves que já estão 48 horas sem ração e já há mortes provocadas pela falta de alimentação, estamos tentando negociar para evitar mais mortes. Em Catanduvas tem ração para mais dois dias e milho para mais dez dias – destaca o representante dos produtores.

Rossa disse que houve, inclusive, um acordo com os caminhoneiros de não ter mais transporte de cargas vivas. Com isso, os abates não devem retornar e nem o alojamento de pintinhos está ocorrendo.

A família de Rossa, por exemplo, está desde o final de março com 29 aviários parados. Primeiro foi o embargo europeu que provocou férias coletivas na BRF de Capinzal. Agora, a greve do caminhoneiros. Com isso, estão sendo sacrificados cerca de 500 mil pintinhos por dia, que deixam de ir ao campo.

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Racionamento de ração

Na região de Chapecó também há racionamento de ração. Lurdes Curtarelli, que tem 1,2 mil suínos, está dando metade da ração para os animais. Ela recebeu dois mil quilos na quinta-feira, quando o normal eram 18 mil quilos. E até nesse sábado não tinha recebido mais.

– Estou racionando e nem vou no chiqueiro para os animais não gritarem, pois estão com fome. Como dei menos ração hoje tenho um pouco até amanhã. Até liguei para os técnicos da empresa mas estão priorizando as criações que já estavam sem ração – diz Lourdes.

No setor leiteiro a situação não é muito diferente. Alguns caminhões de coleta até foram liberados pelos manifestantes, mas o problema é que a indústria não tem onde colocar esse leite.

– Falei com o técnico do laticínio. Ele estava tentando alugar câmaras frias para retirar parte do estoque e assim recolher o leite, mas não tem mais espaço. Tem gente jogando leite fora há três dias – afirma José Carlos Araújo, presidente do Conseleite, entidade que reúne produtores e indústria.

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Ele próprio tem um resfriador de quatro mil litros e a partir de segunda-feira terá que jogar leite fora se não ocorrer coleta. A produção diária é de 1,1 mil litros. A tendência é que nem os laticínios, nem as agroindústrias voltem a operar enquanto a greve não terminar. Além dos estoques cheios, há falta de matéria-prima para a produção.

No Oeste não há mais combustível, inclusive no aeroporto de Chapecó, a não ser para órgãos de segurança. A maioria dos hospitais cancelou as cirurgias eletivas e o Hospital Regional do Oeste só garante atendimento normal até segunda.

Em Chapecó o transporte coletivo não funcionará no domingo e, na segunda, terá horário reduzido. A prefeitura já decretou situação de emergência.