O impacto da greve dos caminhoneiros acabou sendo o fator definitivo para o fechamento do frigorífico da GTB Foods, de Ipuaçu, que anunciou oficialmente nesta quinta-feira o encerramento das atividades. A avaliação é do presidente do Sindicato das Indústrias de Carnes e Derivados (Sindicarne), Ricardo Gouvêa.

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– Acredito que tenha sido a gota final pois a empresa já vinha com dificuldade, a falta de milho a preços altos obrigou a gastar o capital de giro e a greve acabou sendo a gota final – destacou Gouvea.

A própria empresa alegou em nota uma série de dificuldades que foram se acumulando:

"É de conhecimento público que várias empresas do setor de proteína animal estão suspendendo suas atividades parcialmente ou completamente, devido principalmente à crise econômica, escassez de crédito, instabilidade política, alta dos insumos agroindustriais (como milho e farelo de soja) e forte queda nos preços de venda, posicionando-os abaixo dos custos de produção" informa a nota.

Somente neste ano o custo de produção aumentou 12,8% no suíno e 14,8% no frango, segundo a Embrapa.

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Além disso o setor vem sofrendo com o embago europeus. Somente em abril 20 empresas brasileiras, sendo três da BRF de Santa Catarina – Capinzal, Concórdia e Chapecó – foram suspensas de exportar frango para a Europa. Outras empresas, como a Aurora, também tinham unidades suspensas desde o ano passado.

Soma-se a isso a suspensão da compra de suínos da Rússia, que dura desde o ano passado.

Além disso a crise econômica e o alto índice de desemprego inibem o consumo e os preços dos produtos.

– Nesse cenário é até difícil outra empresa assumir os integrados da GTB Foods, pois todo mundo está com dificuldade. O governo deveria liberar uma linha de crédito para capital de giro das empresas – afirmou Gouvêa.

Ele estima que as perdas de campo da indústrias cheguem a R$ 400 milhões.

A empresa abatia cerca de 90 mil aves por dia, contava com mais de 600 funcionários e mais de 100 avicultores integrados.

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A preocupação na comunidade é geral, pelo impacto social e econômico.

– É preocupante pois os avicultores fizeram financiamento para construir os aviários e estão com as contas para pagar e agora vão ficar sem produção. Alguns devem ir para outras empresas mas não todo mundo. Isso atinge não só Ipuaçu mas outros municípios como Xanxerê, Entre Rios e São Domingos – afirmo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Ipuaçu, Celso Correa Melo.