Começou a funcionar nesta semana o segundo posto de imigração na fronteira de Santa Catarina com a Argentina. Desde domingo a imigração deixou de ser feita somente em Dionísio Cerqueira e passou a ser feita também em Paraíso, próximo da ponte sobre o rio Peperi-Guaçu. A ponte serve de ligação entre a BR-282 e a Ruta 14, que vai até o município de San Pedro, passando pela reserva florestal de Yaboti.
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O trajeto diminui em 130 quilômetros a distância entre Chapecó e Posadas, que é capital de Misiones. Também encurta o trajeto dos argentinos que vêm para Santa Catarina no verão para passar férias no litoral.
De acordo com o delegado Márcio Anater, que é chefe substituto da Delegacia da Polícia Federal de Dionísio Cerqueira, unidade responsável pelo posto, o movimento ainda é pequeno. No primeiro dia foram apenas 40 imigrações.
– O posto ainda é desconhecido e a partir de sábado começou a divulgação, principalmente no lado argentino, pois eles têm o maior interesse no momento. Mas o movimento deve começar a crescer a partir de 2 de janeiro. Em Dionísio Cerqueira o movimento, que normalmente é de 100 a 200 pessoas por dia, passa pra milhares em janeiro, chegamos a ter oito mil por dia – informou Anater.
No ano passado foram registradas 106 mil entradas e 115 mil saídas de estrangeiros do país por Dionísio Cerqueira, sendo que 77 mil entradas e 82 mil saídas somente em janeiro e fevereiro.
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O horário de funcionamento é das 8h às 20h, para coincidir com o funcionamento do posto de Paso Rosales, que faz a imigração no lado argentino. Esse horário deve vigorar pelo menos até 16 de fevereiro de 2019.
– Por enquanto só é permitida a passagem de veículos de passeio e pessoas. Não pode passar caminhão, pois não há uma aduana de cargas, nem ônibus, pois precisa ainda de uma homologação de transporte internacional pela ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres).
O trâmite de imigração é necessário pois se uma pessoa entrar em outro país sem fazer esse processo é considerado um clandestino.
No posto de imigração de Paraíso quem entra recebe um documento com nome, data, placa do carro e um carimbo da Polícia Federal. Caso seja barrado num posto policial é só apresentar o documento. Caso contrário é mandado de volta ao seu país e tem que pagar uma multa de R$ 100 por dia.
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Na delegacia de Dionísio Cerqueira não foi informado o número de policiais que vão trabalhar no posto. Mas a superintendência da Polícia Federal em Santa Catarina tinha uma previsão de deslocar 16 policiais de outras cidades do estado ou de outras regiões, para trabalhar em Paraíso.
A partir de amanhã haverá também um reforço da Força Nacional, que já estava com policiais em Dionísio Cerqueira e agora vai atuar também em Paraíso, na fiscalização dos veículos. O objetivo é evitar a entrada de qualquer produto ilícito no país.
O presidente da Comissão Nacional Brasil/Argentina, Darci Zanotelli, disse que o início da imigração vai trazer desenvolvimento para a região.
– Isso irá facilitar o ingresso de argentinos, paraguaios e chilenos para o Sul do Brasil, em especial para Santa Catarina, atraindo maior número de turistas. A partir de 2019 daremos continuidade a um novo teste de carga na ponte atual além da construção da nova Ponte Internacional – disse Zanotelli.
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Ele informou que a atual ponte com 72 metros foi construída no início da década de 90 numa iniciativa que contou com a colaboração de empresários da região e que a imigração existe no lado argentino desde 1994. No ano passado o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes fez teste na ponte e liberou passagem até 30 toneladas.
Em 2016 foi firmado um acordo entre os governos do Brasil e da Argentina para a construção de uma nova ponte, com 209 metros de comprimento e 20 metros de altura. Mas é necessária articulação política e recursos para que a obra saia do papel.