* Por Keli Magri

Enquanto o Estado comemora o crescimento de 82% na produção de leite nos últimos 10 anos em Santa Catarina, os produtores sofrem com a queda no consumo que derrubou os preços no mercado. Se por um lado tem leite sobrando para o consumidor e com preços mais atrativos nas prateleiras, por outro há produtor pensando em abandonar a atividade.

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No primeiro semestre de 2017, o litro de leite pago ao produtor chegou a R$ 1,70, preço que estimulou a produção e aumentou a oferta. Porém, com os reflexos da crise econômica, o consumo não acompanhou a demanda no ano e derrubou os preços. Nos últimos três meses de 2017, o valor pago por litro despencou para R$ 1,06.

Neste primeiro mês de 2018, o produtor de leite no Estado vai receber R$ 1,15.

— Este valor é muito baixo e não paga a conta. O ideal seria chegar a pelo menos R$ 1,40 ao litro — diz o produtor de Chapecó José Carlos Araújo, que vende 37 mil litros por mês.

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Segundo Araújo, que faz parte do Sindicato de Produtores Rurais de Chapecó e do Conselho Paritário Produtor/Indústrias de Leite do Estado (Conseleite/SC), a expectativa é que o valor melhore a partir do próximo mês, mas o governo precisa estimular o consumo.

— Tem produtor já deixando a atividade. Sem poder aquisitivo, o mercado não está consumindo e quem paga é o produtor — comenta.

Foco no mercado externo

Para melhorar o cenário o Estado, que até então é forte na exportação de aves e suínos, a ideia é busca alcançar o mercado externo também para o leite. Em visita a Chapecó na última semana, o secretário de Agricultura do Estado, Moacir Sopelsa, ressaltou os bons números do setor, que está em ritmo crescente desde 2006, e destacou a expectativa para exportação.

Nos últimos 10 anos, Santa Catarina saltou de 1,7 bilhão de litros produzidos para 3,1 bilhão — colocando o Estado como o quarto maior produtor nacional de leite. As estimativas do Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Epagri/Cepa) apontam para uma produção ainda maior em 2017: cerca de 3,4 bilhões de litros.

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— O setor leiteiro é um grande destaque de Santa Catarina, mas ainda temos muitos desafios — disse Sopelsa ao destacar que a Epagri já trabalha no melhoramento genético e na sanidade do rebanho para vender leite a outros países.

Atualmente, o Brasil importa mais leite do que exporta. É a atividade agropecuária que mais cresce em SC e envolve 45 produtores, sendo a região Oeste responsável por 75% do leite produzido – quase 2,4 bilhões de litros.