Na manhã desta quarta-feira (02) foram retomadas as aulas na creche municipal Pequenos Heróis, de Chapecó, que há oito dias foi invadida por um carro desgovernado, ferindo várias crianças. E a recepção aos alunos teve convidados especiais: o goleiro Jakson Follmann, sobrevivente do acidente aéreo da Lamia e embaixador da Chapecoense, além dos jogadores Luiz Antônio e Osman.
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Eles fizeram uma recepção aos alunos e, de mãos dadas com os pequenos torcedores de quatro a cinco anos, foram conhecer a creche. Professoras e pais tiraram fotos com os membros da Chapecoense. Entre eles, estava o pai do aluno Gabriel Alves, o mecânico Júlio César Alves.
— É uma iniciativa bem bacana, pois ele gostam da Chapecoense, comentam, é até um incentivo depois de tudo o que eles passaram. Meu filho estuda pela manhã, mas moramos aqui perto e ele viu toda a confusão. Ele ficou bem assustado — afirmou Alves.
Follmann disse que o objetivo foi trazer um pouco de alegria aos pequenos.
— Estou muito feliz em estar com eles, abraçar e receber o carinho de todos. Também viemos dar uma apoio depois de tudo o que eles passaram. Eles também nos motivam com esses sorrisos nos rostos — destacou.
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Ainda na tarde desta quarta, Follmann deve voltar para recepcionar as crianças, entre elas os 24 alunos que estavam na sala que foi invadida.
Pais querem evitar falar do acidente
Quando retornou para a creche nesta quarta, Rafael Boert Weiss, de quatro anos, abraçou o coleguinha Artur Dalla Riva.
— Ele estava com saudade dos amigos e só perguntava se hoje haveria aula. Do acidente a gente procurou nem falar mais — disse a avó do menino, Jandira Maestro, de 51 anos, que após ver os jogadores na creche, saiu para buscar uma camisa da Chape para o neto tirar fotos.
O pai de Artur, o gerente de produção Cristian Alan Dalla Riva, também evitou falar do acidente.
— Não tocamos mais no assunto. Naquele dia estávamos vindo brincar no terreno acima da creche e por pouco não vimos o acidente. O sentimento é de tristeza pelas crianças. Mas vamos tentar esquecer o que vimos — disse o pai.
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Apoio psicológico
De acordo com a coordenadora da creche, Anísia Boettcher, houve uma conversa com os pais dos alunos e foi acordado que alguns pais poderiam deixar as crianças em casa em algum dia da semana, neste primeiro mês após o acidente.
Mas algumas famílias, como a da cozinheira Cristiane Dias, mãe de Vitória Hubner, de cinco anos, já solicitou a transferência para outra unidade.
— Ela não quer mais voltar, a gente conversou com ela e optamos por buscar outra creche — disse Cristiane.
Na turma da manhã, apenas 27 alunos dos 50 que frequentavam a unidade, foram para a creche nesta quarta.
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A coordenadora disse que está sendo feito um trabalho para contornar a situação.
— A orientação dos psicólogos é de não tocar no assunto a não ser que a criança queira falar. Vamos tentar retomar a normalidade, com as aulas de contação de histórias, educação física e linguagens. Também temos o apoio psicológico para as famílias. A gente está um pouco mais aliviada pois as crianças estão bem — disse Anísia.
Sala improvisada
A sala de aula foi improvisada na área que antes era o centro de convivência da unidade de educação. Os professores manifestaram o desejo de manter a creche no mesmo local, para evitar uma mudança para outro espaço, do outro lado da rua.
O aluno Joaquin Gabriel Sacon Fabis, de cinco anos, mesmo num espaço apertado gostou da sala improvisada, onde utilizou peças de montar para construir um avião, seu brinquedo favorito.
A secretária de Educação do Município, Sandra Galera, disse que duas casas de madeira de 48 metros quadrados casa serão construídas ao lado da creche, no valor de R$ 45 mil. A terraplanagem do terreno iniciou hoje e a entrega está prevista para 30 dias.
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Estado de saúde
Das seis crianças que foram hospitalizadas no acidente, duas continuam no Hospital da Criança. Uma terá alta hoje à tarde e outra até sexta-feira.
O motorista que causou o acidente segue no Presídio Regional de Chapecó.
À tarde 12 crianças não compareceram
À tarde 12 crianças não compareceram na creche, das 50 que frequentavam as duas salas que ficavam no espaço alugado. A maioria era da turma onde o carro invadiu sala.
A operadora de caixa Claudete Dal Chiavon chegou a levar a filha Andrieli, com uma tipóia no braço direito, até o centro infantil, mas ela não quis ficar. Nem a conversa com a professora a motivou.
A técnica em laboratório Ediliane Chagas levou a filha Poliane Rosseti, que completou seis anos nesta semana, e ficou um tempo na creche observando.
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– A gente fica com o coração na mão, ela ficou em estado de choque no primeiro dia, mas agora está bem, a gente até chora de emoção pois ela tem alguns alguns hematomas mas não aconteceu nada de mais grave – disse.
O goleiro Jakson Follmann foi novamente na escola à tarde. A professora Sônia Mara Franceski, estava feliz em rever os alunos.
– É um recomeço muito bom, eu já estou me recuperando, estou bem, agora vamos ajudar um o outro e trabalhar juntos com as turmas até termos o novo espaço – concluiu.
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