*por Keli Magri, interina
Depois de uma safra recorde no Brasil, que impactou na redução da inflação no país neste ano, a expectativa para este ano é de queda na produção de grãos. Levantamento feito pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima redução de 4,4% a 6,2% em relação à safra anterior. A expectativa de produção é de cerca de 225 milhões de toneladas, 89% de toda a produção de grãos. Em 2017 foram 238 milhões de toneladas.
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Um dos motivos é a redução da área plantada de milho. Com preço baixo da saca, duas vezes menor que o pago pela soja – R$23,50 contra R$ 63,50 – os agricultores inverteram a produção em busca de maior rentabilidade. Em Santa Catarina, a área plantada de milho caiu de 350 mil hectares em 2017 para 250 mil em 2018, redução de 20%, o que resultará em maior déficit de milho neste ano. A produção total deve ficar na casa de 2,5 milhões de toneladas.
Na safra de soja a situação será inversa. Em 2017 foram 600 mil hectares plantados e, em 2018, sobe para 700 mil, com expectativa de colher 4 milhões de toneladas.
O agricultor de Boa Vista, interior de Chapecó, Flávio Fonseca, é um que abandonou o plantio de milho e está apostando na soja.
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– A soja é uma cultura mais estável, com maior resistência à intempéries como a seca, por exemplo, e com preço bem melhor devido à exportação – argumenta o produtor que tem 30 hectares de terra e arrendou mais 300 hectares para o plantio de soja.
Na safra recorde de 2017, Fonseca colheu 20 mil sacas de soja e chegou a receber R$ 85 cada, melhor preço, segundo ele, desde 1980 quando começou o plantio na propriedade.
– A safra foi muito boa. Todo mundo ganhou dinheiro. Neste ano o preço já está bem menor, mas continua em alta. O bom seria, no mínimo, R$ 70. Se chover um pouco mais, fica melhor – projeta ele ao esperar mais 20 mil sacas na colheita deste ano, que será em março.
Já o milho, o agricultor defende maior incentivo para melhorar o preço.
– Não temos milho suficiente no Estado, mas também não temos incentivo para plantar. A maioria desistiu, porque o preço pago é muito baixo. Se ficasse em R$ 30 a saca, seria bom.
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Segundo a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (FAESC), a previsão é de que a saca de soja paga ao produtor fique entre R$ 65 e R$ 70. Já o milho, a previsão é que chegue aos R$ 30.
– Devido à alta produção em 2017, os estoques principalmente de milho, são elevados no Brasil e no mundo e as exportações brasileiras podem chegar a 35 milhões de toneladas – projeta o vice-presidente da FAESC, Enori Barbieri.
No Estado, o Oeste reponde por 30% da produção de milho (750 mil toneladas), mesmo percentual do Meio-Oeste, Planalto Serrano e Norte. Já a soja, a região é a maior produtora do Estado, com 40% do total (1,6 milhão).