O abastecimento de ração está sendo regularizado no campo na região Oeste de Santa Catarina, embora com quantidade ainda restrita. Isso só foi possível após a negociação com os caminhoneiros e a ação do governo do Estado de escoltar caminhões com o insumo em algumas regiões onde havia maior resistência, como em Catanduvas e Maravilha. Representantes de entidades ligadas às agroindústrias afirmam que prejuízos vão se estender pelos próximos 90 dias.
– Tivemos granjas onde animais ficaram até 48 horas sem ração entre sexta-feira e sábado, mas desde ontem (domingo), onde havia resistência, os caminhões estão saíindo com escolta policial e garantindo o mínimo de ração para alimentar os animais e evitar mortes – disse o presidente da Associação dos Produtores e Integrados dos Ovos Férteis e vice-presidente da Associação Regional dos Suinocultores e Avicultores do Meio-Oeste (Avida), Fernando Rossa.
O secretário de Agricultura de Guatambu, Ivanir Pedro Schmidt, que também é produtor rural, disse que a ração está chegando no município.
– Aqui estão passando os caminhões com ração. Inclusive na minha propriedade, onde temos 30 mil perus, o abastecimento é normal. Só não estão saindo cargas para os abatedouros – disse o secretário.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Carnes e Derivados de Chapecó (Sitracarnes), Jenir Ponciano de Paula, destacou que desde sexta-feira foi paralisado o abate em empresas como a BRF, que tem 5,2 mil funcionários somente em Chapecó.
– Está tudo parado. Não tem previsão de retomada. No campo, a ração está chegando mas os lotes também estão comprometidos – avaliou.
Apesar da liberação de ração, as agroindústrias ainda têm dois gargalos: o risco de ficar sem combustível nos caminhões que levam a ração e a falta de ração e milho nos silos.
Em Catanduvas a ração deve terminar ainda nesta segunda-feira e será fornecido apenas milho moído para os animais, o que evita morte mas prejudica o desempenho. Além disso, os cerca de 500 mil pintinhos que são sacrificados por dia, por não poderem ser levados para o campo, vão gerar um vazio de produção.
Leite
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No setor leiteiro a situação também mudou pouco.
– Não tem como chegar na coleta pois é perigoso. Quem consegue não tem como processar na indústria, pois faltam embalagem e matéria-prima. Os que conseguem processar não têm como escoar o produto – disse o presidente do Sindicato das Indústrias de Leite e Derivados de Santa Catarina (Sindileite), Valter Brandalise.
Ele estima que dos até 7,5 milhões de litros de leite que são produzidos diariamente por cerca de 50 mil produtores em Santa Catarina, a maioria está indo fora.
– Temos muito leite sendo descartado pela indústria e no campo em Santa Catarina, estimo em seis milhões de litros por dia – afirmou.