Há pelo menos cinco pedidos de impeachment contra o governador Carlos Moisés (PSL) tramitando na Assembleia Legislativa, por diferentes motivos. Mas a tendência é que apenas um deles caminhe nas próximas semanas. Trata-se do processo apresentado pelo deputado Ivan Naatz (PL), que é embasado no reajuste dos procuradores.
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Um tema que bateu na trave na primeira tentativa – o pedido original, apresentado pelo defensor público Ralf Zimmer Junior, foi rejeitado em fevereiro pelo presidente da Alesc, deputado Julio Garcia (PSD). Mas duas coisas mudaram de lá para cá: o parecer do Tribunal de Contas do Estado (TCE-SC), que considerou o reajuste ilegal, e o desgaste político do governador.
Na história recente de Santa Catarina, nenhum personagem político teve uma carreira tão meteórica quanto Moisés, catapultado de um comando do Corpo de Bombeiros para o comando do Governo do Estado, com votação recorde. E poucos sentiram o peso do cargo em tão curto tempo.
Pouco à vontade nos primeiros passos na política, Moisés cometeu erros fatais para alguém que ocupa um posto com tamanha envergadura. E não estamos falando dos respiradores, mas da falta de articulação política. A sangria do governo no caso das compras suspeitas é resultado do isolamento, e não o contrário.
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Os respiradores, no entanto, agravaram o processo de desgaste de Moisés junto ao eleitorado. E um impeachment, como mostra nossa história recente, está intimamente ligado à temperatura do apoio público ao mandatário.
Há outro ponto a ser considerado na provável ascensão do processo de impedimento apresentado por Naatz. Ele é o único que inclui a vice-governadora Daniela Reinerh, cujo andamento pode afastar a chapa por completo do Governo de Santa Catarina. Seria uma pá de cal sobre a tal “nova política”, slogan das bases que elegeram o governador.
O prazo também é estratégico. Em tese, se governador e vice forem impedidos na primeira metade do mandato, o presidente da Alesc assume o cargo e convoca novas eleições diretas em até 180 dias. Mas, como se trata de um processo moroso, é pouco provável que isso ocorra.
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Se o impedimento ocorrer na segunda metade, no entanto – ou seja, a partir de janeiro de 2021 – o presidente do Legislativo, Julio Garcia, assume e convoca eleições indiretas. A medida deixa nas mãos dos deputados a escolha do novo governador, e abre caminho para um candidato à reeleição em 2022. Nos bastidores, as apostas são para um perfil mais aglutinador. Ou mesmo para o resgate das coalizões.
Ainda é cedo para afirmar se o impeachment vingará. Mas, no xadrez da política, as peças já começaram a se mover.
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