Se há algo que ficará marcado nesse período turbulento da política local é a apatia com que o eleitor assiste às narrativas cruzadas que se desenrolam na Alesc, na Casa D´Agronômica e no Judiciário. Santa Catarina está em vias de ser o primeiro estado no país a destituir um governador e vice eleitos. Mas isso não desperta o devido interesse.
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Os números das últimas eleições ajudam a entender, em parte, essa inércia. Costumamos apontar para a votação histórica do governador Carlos Moisés, que se elegeu com 71% dos votos válidos. Só que deixamos para trás um dado importante: nas eleições de 2018, 28% do total de eleitores não escolheu governador no segundo turno. Abstenções, votos brancos e nulos, somaram mais de 1,3 milhão – o que equivale à metade da votação recorde feita por Moisés.
O montante é um pouco menor do que nas eleições de 2014, quando abstenções, votos brancos e nulos chegaram a 31%. Esses dados mostram que, para uma boa fatia do eleitorado, a política e suas implicações no cotidiano parecem desinteressantes. E não é de hoje.
É preciso levar em conta que o segundo turno limita as escolhas, e afasta eleitores que não se identificam com um candidato, nem o outro. Mas também é necessário observar que tal fenômeno vem na esteira dos recorrentes escândalos de corrupção, da polarização do país, e do ambiente das redes sociais, que mudou a dinâmica de nossas relações.
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Se a radicalização de discursos faz adeptos ferrenhos, por outro lado causa repulsa a uma parcela do eleitorado.
A crise sanitária atual deve ser incluída no pacote da apatia. Estamos em um ano atípico, em que o mundo virou ‘de cabeça para baixo’. A esta altura, em meio a milhares de mortes, ao abre-fecha de atividades, ao risco de contaminação e ao prejuízo econômico, as pessoas estão exaustas. Isso reflete na falta de empatia, de coletividade – e também no interesse em relação à política.
Somem-se os erros estratégicos do governo, o isolamento e as falhas em se comunicar e conectar com quem o elegeu, e está desenhado o cenário em que se insere o processo de impeachment.
Santa Catarina vive o momento político mais delicado da história recente, e tem chances reais de uma troca de comando em poucos dias. O risco é ninguém perceber.
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Eleições
A apatia do eleitorado em relação ao processo de impeachment serve de alerta para os candidatos a prefeito e vereador em Santa Catarina. Em uma campanha atípica, atrair a atenção dos catarinenses e evitar as abstenções no pleito municipal será um enorme desafio. O assédio nas redes sociais é uma armadilha perigosa, porque tem uma boa chance de afugentar os indecisos.
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