De tão curto, o sobrevoo do presidente Jair Bolsonaro sobre a Grande Florianópolis na manhã deste sábado (4) poderia poupar o helicóptero e ser feito de carro. Mas não foi apenas o roteiro que deixou lacunas: o esperado anúncio de verbas não chegou.

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Ontem, comentei na coluna que havia dificuldade na liberação de recursos porque o governo federal está com a corda esticada devido à pandemia. Mas a disposição do presidente, de vir ao Estado, pressupunha que havia alguma carta na manga. Ainda não há.

A demonstração de solidariedade com os atingidos pelo ciclone importa, mas não basta. Especialmente num momento em que a economia patina e o desemprego bate à porta de milhares de catarinenses.

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Sem recursos, o sobrevoo, quatro dias depois do ciclone deixar um rastro de destruição, ganha ares de espetáculo.

A visita-relâmpago de Bolsonaro lembrou a de Dilma Rousseff, em 2015, quando ela esteve no Estado para uma reunião com autoridades locais em Rio do Sul, e acabou cancelando o sobrevoo que estava previsto, por questões climáticas. Conversou rapidamente com o então governador Raimundo Colombo, e foi embora. Dilma, que já enfrentava desgaste no governo, foi alvo de críticas por ter abortado a agenda.

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É praxe que os governantes usem esses momentos para algo além de um aceno e gentilezas. Em 2008, quando Lula sobrevoou a região da Foz e do Vale do Itajaí, após a grande enchente, assinou durante a viagem uma Medida Provisória que liberou recursos para SC e outros estados atingidos por temporais. Era R$ 1,6 bilhão em verbas para recuperar estradas, casas e apoiar a Defesa Civil e as Forças Armadas nas ações de socorro.

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O momento era diferente, e o volume de estragos também. Mas esperava-se de Bolsonaro uma ajuda concreta, especialmente pela votação expressiva que teve no Estado, e pela base de apoio que ainda mantém por aqui.

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O presidente ainda pode anunciar medidas efetivas para ajudar na recuperação de Santa Catarina, como cobraram os senadores – e espera-se que o faça nos próximos dias. Se era para apenas sobrevoar o Estado, seria melhor que, ao menos, não tivesse tanta pressa em ir embora.

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O presidente correu para chegar a tempo de celebrar, em Brasília, a independência. Dos Estados Unidos.

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