Ele parece inocente, mas não se engane. Berlim, um vira-latas caramelo, dócil e brincalhão, leva uma vida dupla. Conhecido em Balneário Camboriú, onde tem uma rotina tranquila, como cão comunitário, ele recentemente passou a furtar pet shops. Petiscos são os alvos preferidos. Biscoitos e até orelhinhas de porco defumadas estão no radar de Berlim.
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Em pelo menos um dos "delitos", um cliente flagrou com o celular a audácia do pequeno ladrão. Ele entrou num pet shop na Avenida do Estado, procurou um brinquedo e saiu abanando o rabo, sem preocupação em disfarçar o produto do roubo.
As imagens mostram que ele ousa até desacelerar o passo para dar uma olhada em outro cão que entra na loja, acompanhado do dono.
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Procuramos a gerência do pet shop, que não quis comentar sobre os furtos. Berlim vive na rua, mas tem o contato de um responsável na coleira, o empresário Leonardo Espíndola, que o acolheu há alguns anos.
Até hoje, ele nunca recebeu nenhuma cobrança por parte dos pet shops de Balneário Camboriú – embora saiba que Berlim é reincidente no "mundo do crime".
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Berlim foi resgatado
É possível que o charme do vira-latas seja o responsável pela condescendência dos pet shops. Foi o que conquistou Leonardo, quando o viu pela primeira vez. Berlim estava com um fio amarrado no pescoço, magro e doente. Precisava de ajuda.
— Eram 5h da manhã quando cheguei para trabalhar e encontrei o Berlim. Coloquei para dentro da empresa, levei à veterinária, e tentei arrumar alguém para adotar, porque onde eu moro não podia. Mas ninguém quis — conta.

Berlim continuou nas ruas, mas desde então sob a tutela de Leonardo, que passou a alimentá-lo e cuidar de sua saúde.
O cão circula por Balneário Camboriú e pela Praia Brava, em Itajaí, o dia todo. No fim da tarde, volta para a empresa para comer e dormir – e é pontual: chega sempre 10 minutos antes das 18h, quando fecham os portões.
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Lá dentro tem a ração, o pote com água, e uma cama quentinha para passar a noite.

Cão comunitário
Desde que passou a cuidar de Berlim, Leonardo faz plaquinhas de identificação e coloca na coleira. É para ser avisado em caso de emergência. A plaquinha já foi útil, por exemplo, quando Berlim feriu as patinhas com cacos de vidro quando caminhava pela Estrada da Rainha. Alguém viu o contato, e o avisou.
O problema é que as coleiras de Berlim costumam ser roubadas – o que já causou muita confusão. Ele foi adotado por famílias, por exemplo, e fugiu porque gosta de viver na rua.
Também já foi levado para a ONG Viva Bicho, onde ficam os animais recolhidos pela Guarda Municipal. Leonardo teve trabalho para localizá-lo e trazê-lo de volta.

A última versão da plaquinha de identificação de Berlim traz, além do contato de Leonardo, a informação de que ele é um cão comunitário, “do rolê”, acostumado a viver em liberdade nas ruas. E também tem um aviso: “não roubarás”. Um alerta para os ladrões de coleira.
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Como não sabe ler, o aviso na plaquinha não impede Berlim de cometer os próprios furtos. E de se safar, como um bom e simpático vira-latas.
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