Imagens que circularam nas redes sociais neste fim de semana mostram uma baleia que teve a cauda decepada por um barco de pesca. O caso é investigado pelo Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICM-Bio), e a apuração preliminar indica que o caso teria ocorrido no Litoral de Santa Catarina. A embarcação envolvida seria de Itajaí. Caso fique comprovado que o corte foi feito intencionalmente, os pescadores responderão por crime ambiental.

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No vídeo, os pescadores dão a entender que a baleia teria enroscado na embarcação, e o animal poderia virar o barco. “Escapou de botar o barco no fundo”, afirma um deles.

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O pesquisador Jules Soto, curador do Museu Oceanográfico da Univali, em Balneário Piçarras, diz que um animal como o que aparece nas imagens não teria condições de virar a embarcação. Ele identificou a baleia como uma jubarte, espécie que passa pelo Litoral catarinense em seu ciclo migratório, e está entre as mais protegidas do mundo. O espécime, segundo o professor, parece ser jovem.

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– A gente imagina que ela tenha se enroscado nos cabos de tração, eles vão se fechando e a reação da baleia é girar para tentar se libertar. De forma alguma uma baleia daquele tamanho coloca um barco daquele a pique. Há uma desproporção muito grande de massa – explica.

Segundo Soto, a decisão de amputar a cauda trará problemas para os pescadores, e levará a baleia à morte.

– É uma atrocidade. É um animal protegido por lei, tem que danificar o petrecho de pesca (para soltá-la). Isso é um problema da empresa de pesca, de forma alguma tem que ser problema da baleia, viva, naquela condição. O resultado é um desastre para os pescadores, que vão ter que responder por isso, e também para a baleia.

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O pesquisador explica que a cauda é o instrumento de tração das baleias, o que permite que elas se movimentem livremente. Sem a nadadeira, a jubarte ficará à deriva, carregada pelas correntes marítimas. Poderá encalhar em alguma praia, ou morrer por não conseguir mais se alimentar.

A bióloga Fábia Luna, coordenadora do Centro de Mamíferos Aquáticos (CMA) do ICM-Bio, em Santos (SP), disse que as imagens chegaram ao órgão ambiental no fim da tarde de domingo (24), e foi instaurado um processo administrativo de âmbito federal, que será conduzido em Brasília. Ela explicou que pelos menos dois pescadores foram identificados, entre eles o mestre do barco (responsável pela embarcação). As imagens foram anexadas ao processo.

– Há indícios fortes de que a nadadeira tenha sido cortada propositalmente. Não foi dilacerada, rasgada em função do cabo. Mas isso ainda precisa de maiores investigações – explicou.

O ICM Bio acionou a rede de encalhe de mamíferos aquáticos para que estejam atentos caso a baleia encalhe em algum ponto do Litoral, ou seja avistada em alto-mar.

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