As capivaras, alvo de uma antiga polêmica entre os que as defendem como atração turística, e os que as veem como um risco à saúde pública, voltaram aos holofotes nesta terça-feira (29) à noite na Câmara de Vereadores de Itajaí. A discussão de um requerimento sobre medidas de controle populacional para as maiores roedoras do mundo culminou com uma declaração do vereador Valderley Dalmolin (MDB) a favor do extermínio das capivaras.

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– Como no Rio Grande do Sul temos o problema da invasão dos javalis, aqui também poderia trazer um projeto para dar uma reduzida nas capivaras. Sou a favor da matança – declarou.

O vereador seguiu dizendo que as roedoras tomam “banho de piscina” toda noite na casa de seu pai, que fica na zona rural de Itajaí. Disse que elas são um problema para a agricultura. Depois, emendou que o ideal seria “não matar tudo”, porque “tem que ter um pouco” – mas reduzir a população da espécie.

O requerimento que estava em discussão foi apresentado pelo vereador Paulinho Amândio (PDT), presidente do Legislativo. Ele questiona o Instituto Cidade Sustentável (ICS), órgão ambiental de Itajaí e o Instituto do Meio Ambiente (IMA), estadual, se há medidas de esterilização das capivaras na foz do Rio Itajaí-Açu, análises para verificar se são hospedeiras do carrapato-estrela, e se há meios de alertar a população para o risco de doenças trazido pelo carrapato.

O requerimento foi aprovado por unanimidade. Assista à discussão na gravação da sessão, a partir dos 56 minutos.

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Crime ambiental

O gerente regional do IMA em Iajaí, Alexandre Motta, explicou que matar capivaras é crime ambiental, passível de multa e de processo administrativo e criminal. Exceções são avaliadas pelo Ibama, quando os animais são considerados pragas em determinados locais.

Em Itajaí, as capivaras atraem os flashes de moradores e turistas ao longo da Avenida Beira-Rio. A imagem do fotógrafo Victor Hugo, que reproduz a famosa foto dos Beatles atravessando a rua sobre a faixa de segurança, em Abbey Road, rodou o mundo. Em 2014, o município chegou a lançar uma campanha para reduzir os casos de atropelamento das roedoras na região.

Parque no papel

Em algumas cidades, a experiência de reservar um espaço para a espécie reduziu a proliferação em outros locais. Itajaí tem, inclusive, um parque dedicado a elas – o Parque Natural Municipal Ilha das Capivaras, que fica na retificação do Rio Itajaí-Mirim e foi criado por decreto, em 2006.

Mas, até onde se sabe, o tal parque existe só no papel. Quanto a isso, nenhum parlamentar perguntou.

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