Há um fato inconteste nas imagens divulgadas tanto pela deputada Julia Zanatta quanto pelo deputado Márcio Jerry (PCdoB/MA) sobre o momento em que se aproxima dela durante sessão da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado nesta quarta-feira (12) no Congresso Nacional. A maneira como ele fala no ouvido da parlamentar é incômoda e inconveniente.
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Se há dúvidas sobre o tom inapropriado, basta fazer a seguinte pergunta: fosse um colega homem quem o deputado pretendesse interpelar, teria feito do mesmo jeito, se aproximando pelas costas e falando ao pé do ouvido? É provável que não. Esta, aliás, é uma “régua” válida para os casos de violência de gênero. Via de regra, a abordagem seria outra se não fosse com uma mulher.
O jornal O Globo conversou com especialistas que apontaram que as imagens não mostram uma abordagem de cunho sexual – algo que também já se viu em ambiente parlamentar. Já a advogada Tammy Fortunato, ouvida pelo NSC Total, disse que a interpretação do fato depende do que o parlamentar disse à colega catarinense. Mas cabe à deputada, e a ela somente, saber como se sentiu em relação à maneira como foi interpelada. E Julia Zanatta ficou claramente incomodada. O caso foi denunciado por seus colegas de bancada como assédio, conforme ela relatou à coluna.
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O fato desta tarde denota violência política de gênero, um assunto recorrente na atuação política das mulheres. Independe de partido, experiência e orientação ideológica, e é um obstáculo para o necessário aumento da representatividade feminina na política.
Em Santa Catarina, a lista de mulheres que já foram vítimas de violência política inclui casos como o da vereadora Carla Ayres, em Florianópolis, que foi agarrada sem consentimento por um colega, da deputada estadual Paulinha e da vereadora Maria Tereza Acapra, cassada em São Miguel do Oeste. Se as mulheres são silenciadas na política, a vítima colateral é a democracia.
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