Quase dois meses depois de terem virado notícia, as informações divulgadas pelo jornal Valor Econômico sobre a utilização da estrutura de comunicação da Havan para divulgação da campanha de Jorge Seif ameaçam se tornar oficialmente uma dor de cabeça para o senador eleito pelo PL em Santa Catarina. O caso foi parar no Ministério Público Eleitoral, em uma representação feita pelo advogado Nelson Serpa.
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Agora, caberá ao MPE decidir se há elementos para levar a denúncia adiante. Seif nega, desde o período de campanha, que tenha sido beneficiado pelo empresário Luciano Hang- o que poderia caracterizar abuso de poder econômico.
Serpa, que já presidiu o PSD catarinense, foi secretário da Fazenda e procurador-Geral do Estado no governo Colombo. Significa que a denúncia leva indiretamente o “selo” do PSD – e do ex-governador, que pode se beneficiar de uma eventual decisão da Justiça Eleitoral.
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Como relatei na coluna ainda em outubro, o embate que envolve Seif, o bilionário Luciano Hang e Colombo, que perdeu a eleição para o Senado para o candidato do PL, ultrapassa as fronteiras de Santa Catarina. A senha está na composição das bancadas. Ocorre que o PL, partido que abocanhou o maior número de vagas no Senado para a próxima legislatura, terá 13. O PSD vem em segundo lugar, com 11. Significa que uma pequena alteração – um a menos de um lado, um a mais de outro – poderia igualar forças.
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A conta, no entanto, não é simples: mesmo que a Justiça considere que houve irregularidade na campanha de Seif, o que o senador eleito nega, a lei estabelece que seja feita uma nova eleição. A esperança do PSD está em uma decisão anterior, em relação ao caso da senadora Selma Arruda (PSL-MT), que era conhecida como “Moro de saias”, e que perdeu o mandato por abuso de poder econômico.
O STF permitiu que o candidato que perdeu a eleição assumisse temporariamente a vaga até que novas eleições fossem realizadas. Carlos Fávoro (PSD) foi empossado, e depois acabou eleito na eleição suplementar. É o que estimula os pessedistas.
Nos bastidores, a informação é de que o caso de Santa Catarina anima também outros partidos como o próprio PT e outras legendas da base do novo governo, porque a mudança muda o jogo de forças no Senado. Significa que, se a representação de Nelson Serpa ganhar fôlego na Justiça, o caso será acompanhado de perto – e com pressão – em Brasília.
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