A expectativa de incluir os professores e profissionais da rede escolar na lista de prioridades para vacinação em Santa Catarina – a começar pela educação infantil – traz um sopro de esperança para a retomada efetiva e perene das aulas presenciais. Significa que o Estado vai honrar a lei, sancionada no ano passado, que tornou a educação uma atividade essencial. A imunização é a resposta para um retorno definitivo às salas de aula, com menos risco de interrupções abruptas.

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É fato que outras atividades também mereciam ter direito a uma vacinação mais ágil – entre os trabalhadores essenciais também estão os motoristas de ônibus, os atendentes de supermercado, os entregadores de aplicativos, entre tantos outros. Mas priorizar os educadores vai além de uma demanda sindical, de classe: trata-se de uma escolha política e social, que reconhece a importância da escola como formadora de cidadãos, construtora de oportunidades e fundamental para a geração que herdará o Brasil pós-pandemia.

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Um estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) aponta que a Covid-19 levou o Brasil a regredir o equivalente a quatro anos nos indicadores educacionais ao longo de 2020 na escola pública. Se, antes da pandemia, 50% das crianças de 10 anos não tinham leitura plena, esse percentual subiu para 70%. São dados que acendem o sinal de alerta para o déficit educacional que o país acumulou ao longo dos últimos meses – e que atinge especialmente os mais pobres.

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As crianças em SC estão há mais de um ano entre longos períodos de aulas remotas – muitas vezes sem condições ideais de acesso ao material de estudo – e alguns poucos encontros presenciais, adaptados para reduzir os riscos de contaminação. Um distanciamento que contrasta com a maioria dos países, em especial os mais desenvolvidos, onde as atividades educacionais são as últimas a serem interrompidas e as primeiras a serem retomadas.

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O retorno às aulas no Estado foi prejudicado pelos erros na condução da pandemia, que permitiram a livre circulação do vírus e a pressão sobre o sistema de saúde. O governo falhou em conter a transmissão do coronavírus e em evitar a prevalência de novas variantes, mais contagiosas e talvez até mais perigosas do que vínhamos enfrentando até então.

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Perdemos janelas de oportunidades para evitar a nova onda. Desperdiçamos esforço em medidas controversas. A lista de notáveis escorregões inclui desde o toque de recolher que não impedia ninguém de sair de casa até as baladas com dança proibida, passando pela discussão sobre o uso de máscara nas praias. Perdemos tempo demais.

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O Estado contraiu um débito com as crianças e os adolescentes, que ficaram no fim da fila de prioridades – atrás da reabertura de bares, igrejas e academias de ginástica. É para devolver a esses meninos e meninas as chances de um futuro melhor e mais justo, que a Secretaria de Educação acerta ao sinalizar com a vacinação dos profissionais da rede escolar. Não significa que os professores sejam uma classe privilegiada de trabalhadores. Mas reconhecer que o trabalho deles é fundamental para a Santa Catarina que ressurgirá da crise. 

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