Quis a ironia do destino – ou de Alexandre de Moraes – que, entre as tantas pendências judiciais que rondam Bolsonaro, tenha sido a vacina contra a Covid-19 o que fez com que a Polícia Federal lhe batesse à parte. O ex-presidente acabou enredado em uma trama que envolve a postura negacionista que ele tão orgulhosamente ostentou durante a fase mais crítica da pandemia.
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Enquanto chefes de estado estendiam o braço para estimular a vacinação, Bolsonaro não apenas se recusou a receber a vacina, mas mentiu e causou hesitação vacinal em milhares, talvez milhões de brasileiros. Os resultados ainda reverberam, com o fracasso que persiste nas campanhas de vacinação.
Agora, a investigação da PF mostra que, covardemente, o ex-presidente partiu para os Estados Unidos com um cartão de vacinação forjado – o mesmo cartão que ele colocou sob sigilo de 100 anos. Pelo que consta, contou com a ajuda de seus auxiliares para burlar o sistema do Ministério da Saúde e garantir o direito de estar em outro país quando deveria cumprir o rito republicano de entregar a faixa presidencial.
É mais do que um vexame colossal. É crime. O ato final da gestão desumana da pior crise sanitária que o país já enfrentou.
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Enquanto os brasileiros empilhavam os mortos, Bolsonaro imitava quem sofria com falta de ar. Jamais entrou em um hospital. Nunca abraçou uma família que perdeu um filho para a Covid-19. Quando enfim a ciência mostrou uma chance de redenção, com a vacina, abraçou o negacionismo e recusou-se a aderir ao pacto coletivo que salvou tantas vidas. No momento em que dependeu do registro da vacina, portou-se como um covarde.
Mesmo entre os bolsonaristas convictos, há quem acredite que a relutância do ex-presidente à vacina tenha sido o fator de inflexão que o levou à derrota nas urnas. Agora – quem diria – é também a vacina que pode colocar Bolsonaro frente a frente com a Justiça.
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