É com calor no coração, caro leitor, que escrevo que a aprovação para o uso emergencial de duas vacinas pela Anvisa, neste domingo, sela o início do fim da pandemia do novo coronavírus no Brasil. Uma dupla vitória para o país. Temos vacina e a ciência venceu o obscurantismo. Pelo menos hoje.

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> Primeira vacinada contra o coronavírus no Brasil é enfermeira de SP

A aprovação foi transmitida para todo o Brasil e contou com uma torcida incomum. No país do futebol, a batalha pela vacinação ganhou viés de campeonato. Em campo, a esperança de milhões de brasileiros contra o negacionismo, o movimento antivacinas, o desprezo pela ciência.

> Anvisa aprova uso emergencial de duas vacinas contra o coronavírus por unanimidade

Os votos dos diretores da Anvisa são históricos. Ressaltaram a importância humanitária das vacinas, no momento em que brasileiros morrem sem ar. Reconheceram que a imunização é a solução possível, e que não há outra alternativa terapêutica capaz de salvar vidas – ao contrário do que afirma o próprio Ministério da Saúde, que ainda insiste em soluções que não têm o respaldo da ciência.

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> ‘Vamos ser vacinados e continuar tendo que usar máscaras’, diz pesquisadora

Os diretores da Anvisa falaram da importância da máscara e do distanciamento físico, como medidas profiláticas eficazes e complementares à vacina. Não poderiam ter soado mais distantes do presidente da República.

Bolsonaro transformou a vacina num circo. Em nome de seu projeto pessoal, desprezou um dos mais eficientes sistemas de imunização em massa do mundo. Apostou na anticiência, no movimento antivacinas, e no ‘cabo de guerra’ com o governo de São Paulo. Uma briga política inútil.

Não importam as pressões políticas, contra ou a favor. Não importam os interesses dos governantes. Diante das imagens de pessoas recebendo a vacina em dezenas de países, pouco importa à maioria dos brasileiros quem vai lucrar politicamente com a imunização. Teremos vacina porque a necessidade se impõe.

Em tempos estranhos, de ‘elogio à ignorância’, os cientistas foram capazes de desenvolver imunizantes em tempo recorde. É a ciência quem operará o ‘milagre’ de nos devolver, aos poucos, à vida normal.

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Logo após o ato simbólico da primeira dose em São Paulo, o Ministério da Saúde anunciou a distribuição para os estados. Terá que correr contra o tempo, porque está atrasado na campanha de divulgação e conscientização. A começar por quem cumpre, atualmente, o papel de garoto-propaganda do movimento antivacinas no Brasil. O próprio presidente da República.

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