A postura do presidente Donald Trump, de judicializar as eleições nos Estados Unidos alegando fraude – sem provas, por enquanto – acende o alerta para o cenário das eleições de 2022 no Brasil. Não apenas porque Jair Bolsonaro é um notório fã do presidente norte-americano. Mas também porque o presidente brasileiro é veterano na tática de questionar o resultado eleitoral.
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Nas eleições de 2018, brotou nas redes sociais a informação de que as urnas eletrônicas seriam fraudáveis. Que atire a primeira pedra quem não recebeu uma mensagem dessas no Whatsapp entre o primeiro e o segundo turno – ainda que não houvesse nenhum indício das tais fraudes.
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Houve até um vídeo, amplamente divulgado, mostrando que a urna ‘puxava magicamente o 13 de Fernando Haddad (PT)’ quando o eleitor clicava apenas no número 1. Era evidentemente uma montagem, como foi provado pelo TSE.
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Curiosamente, as redes sociais silenciaram sobre os alegados problemas da votação eletrônica conforme Bolsonaro foi se confirmando o franco favorito. Mas o fruto podre das desconfianças sobre nosso sistema eleitoral já tinha contaminado muita gente.
O presidente sabe usar essa suposição a seu favor – tanto é que voltou a afirmar, este ano, ter ‘provas’ de que as eleições foram fraudadas e que ele deveria ter vencido no primeiro turno. As tais ‘provas’ não apareceram até hoje.
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Essa construção narrativa de insegurança sobre o sistema eleitoral prepara o caminho para uma eventual contestação em 2022. Tudo dependerá, é claro, do cenário que se desenhará até lá. O governo, hábil em criar versões, já deixa pronto o terreno para qualquer eventualidade.
O TSE precisa estar atento ao avanço de informações infundadas e trabalhar para cortar o mal das fake news, da desinformação, pela raiz. Nossa legislação eleitoral avançou nesse quesito, mas há muito a corrigir.
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Caberá às instituições que servem de lastro para nossa democracia observar esses movimentos com cuidado. Nos EUA, país orgulhoso de seu sistema democrático, o estrago está feito – a instabilidade coloca em xeque o sistema eleitoral e aprofunda a polarização, independetemente de quem será declarado vencedor.
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