Na noite deste domingo, poucas horas depois do fim da votação, saberemos quem serão os novos prefeitos e vereadores em Santa Catarina a partir do ano que vem (ou quem vai para o segundo turno). A agilidade é o mais evidente ganho da urna eletrônica no Brasil – e o sistema rudimentar e lento de contagem de votos nas eleições presidenciais nos Estados Unidos, que acompanhamos ao longo das últimas semanas, foi um lembrete dessa vantagem. Mas ela não é a única.

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A redução no risco de fraudes foi o principal avanço na transição do nosso sistema de votação, do papel para o eletrônico. A urna é um sucesso genuinamente brasileiro, com 30 dispositivos de segurança diferentes, que funcionam em cadeia.

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O modelo é auditável (ao contrário dos boatos espalhados por aí) e regularmente submetido a hackers e planos de invasão com autorização do TSE, para identificação de eventuais vulnerabilidades. Em mais de 20 anos de uso, nenhuma fraude eleitoral foi identificada.

Contrariando as evidências, virou moda questionar a confiabilidade da urna eletrônica e defender o retorno ao antigo voto de papel. O que, diante da falta de provas de qualquer irregularidade, não passa de um retrocesso eleitoral, baseado em fake news e teorias da conspiração.

Resgatar o voto de papel, como pretende o presidente Jair Bolsonaro (um campeão das urnas eletrônicas, diga-se de passagem), representaria o retorno a uma contagem lenta e arcaica, a um sistema mais suscetível a fraudes, e um preço alto – R$ 2,5 bilhões para os primeiros 10 anos, de acordo com o TSE. Mas, o mais importante: seria a vitória da desinformação.

É surpreendente que os questionamentos sobre a lisura do sistema eleitoral venham de políticos que há décadas são eleitos pela urna eletrônica.  Só agora, na era da autoverdade, decidiram que o modelo não é seguro. E sem provas.

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Entramos em um terreno perigoso ao permitir que se coloque em xeque a urna eletrônica sem que haja irregularidade, porque esse ponto de interrogação recai sobre a estabilidade democrática. Cabe a nós, cidadãos, nos perguntarmos a quem serve colocar sob dúvida sobre um bem inegociável como a democracia.

Trocar um sistema eletrônico que até hoje se mostrou seguro pelo voto de papel só combina com um país que se dispõe a andar para trás.

A propósito

Em 2018, às vésperas do primeiro turno das eleições presidenciais, quando as fake news sobre a urna eletrônica já circulavam por aí, escrevi uma reportagem especial sobre o nosso sistema de votação e tive a oportunidade de conhecer melhor os processos de segurança. Naquela ocasião, ouvi do então secretário de Tecnologia de Informação do TRE-SC, Álvaro Sampaio, que para adulterar uma urna eletrônica seria necessário burlar vários dispositivos. Para fraudar um voto de papel, basta uma caneta.

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