A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e a Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis emitiram uma nota, nesta quarta-feira (10), para esclarecer que a vacina tríplice viral não protege contra a Covid-19 e não foi aprovada como prevenção alternativa. O comunicado saiu em meio a uma corrida de pessoas em busca da vacina nos postos de saúde e clínicas particulares. A dose já é vendida por R$ 110 em consultórios privados na Capital.
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Na terça-feira (10), o prefeito Gean Loureiro (DEM) divulgou que os resultados da pesquisa feita pela UFSC com a tríplice viral são “animadores” e Florianópolis tem “possibilidade real” de uso. Nesta quarta, postos de saúde publicaram nas redes sociais um alerta de que aguardam a conclusão das pesquisas e que a vacina tríplice viral “não está sendo administrada como método de prevenção contra Covid-19”.
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TRÍPLICE VIRAL: reunião hj com professores da nossa UFSC Edison e Juliana, q estão à frente da pesquisa sobre os efeitos da Tríplice viral contra a COVID-19. Os resultados são animadores e nossa equipe técnica está analisando a pesquisa. Há possibilidade real de usarmos. Segue pic.twitter.com/rPyxcnCBRW
— Gean Loureiro (@GeanLoureiro) March 9, 2021Continua depois da publicidade
No início da semana, a coluna publicou que o Estado vem conversando sobre o assunto com as prefeituras, em busca de uma estratégia de vacinação com a tríplice. Seria uma solução ‘paliativa’, para tentar conter a pressão da pandemia sobre o sistema de saúde.
Os dados preliminares da UFSC – preliminares, porque a pesquisa ainda não foi concluída – apontaram para a possibilidade de que a tríplice ajude a reduzir os sintomas e internações por Covid-19. No entanto, pesquisadores alertam que os estudos ainda são insuficientes para respaldá-la como política pública.
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A coluna apurou que, tanto na Capital quanto na Secretaria de Estado da Saúde, os técnicos estão sendo pressionados para a adoção da tríplice viral como alternativa e apresentam ressalvas. Além do estudo não ter sido concluído, outros apontamentos foram o risco de aumento de casos assintomáticos e não identificados, que podem potencializar a transmissão do novo coronavírus, e a possibilidade de abandono de outras medidas individuais de proteção, como o uso da máscara. Juntas, essas consequências podem servir como gatilho para um descontrole ainda maior da pandemia no Estado se não forem avaliadas.
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Sem coragem para decretar medidas restritivas mais duras, que consigam frear a transmissão e a pressão sobre o sistema de saúde, e sem vacinas suficientes contra a Covid-19, a prefeitura de Florianópolis e o Governo de SC trocam os pés pelas mãos e podem fazem a tríplice viral ser rebaixada de promissora para o grupo da cloroquina e da ivermectina, onde estão as promessas de soluções milagrosas. Terá sido um desserviço à ciência.
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Veja nota da UFSC
“A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e a Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis esclarecem, quanto à pesquisa “Eficácia da Vacina MMR na Prevenção ou Redução da Severidade da COVID-19″, desenvolvida por pesquisadores da UFSC que:
1. Não se trata de imunizante equivalente àqueles voltados à vacinação preventiva contra o Coronavírus, produzidos por exemplo, pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e Instituto Butantan;
2. Também não se configura como “tratamento precoce” da doença, do mesmo modo como alguns medicamentos são divulgados, sem contudo terem sua eficácia cientificamente comprovada;
3. Trata-se de uma pesquisa preliminar, iniciada em 2020, a partir do uso de imunizante constante do calendário regular de vacinação, a Vacina Tríplice Viral (MMR), que, por ora, demonstra resultados animadores, na estimulação da imunidade inata, com possibilidade de prevenir a infecção pelo novo Coronavírus ou diminuir sua severidade por diminuição da carga viral;
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4. Na fase atual, há respostas animadoras mas que ainda dependem de etapas fundamentais para que venha a ser aprovada e validada, para ser utilizada junto à população.
Neste sentido, a UFSC e a Secretaria Municipal de Saúde alertam para que não haja qualquer movimento de procura junto a postos de saúde e nem autorizam ou recomendam a procura em clínicas privadas, uma vez que, caso haja a definição por seu uso em meio à Pandemia da COVID-19, haverá campanhas oficiais dos órgãos sanitários no sentido de orientar devidamente a população sobre grupos, datas e locais de acesso.
Não se deixe levar por notícias falsas ou promessas de tratamento. Confie na Ciência e busque fontes oficiais de informação”.
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