A tragédia ocorrida na manhã desta quarta-feira em Suzano, na Grande SP, em que adolescentes mataram seis pessoas – entre elas cinco crianças – e cometeram suicídio em seguida, reacende as discussões sobre a facilitação do acesso a armas de fogo no Brasil. As circunstâncias da ocorrência ainda são desconhecidas neste final de manhã. Mas não há como deixar de relacionar o caso a outros tantos, que tiveram o mesmo final trágico.

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Nos Estados Unidos, onde ocorrências como essa são assustadoramente frequentes, há movimentos pedindo a restrição de acesso a armas. Em 2017, por exemplo, a associação Gun Violence Archive (GVA), que reúne dados do governo e das forças de segurança, mostrou que o país registrou 273 ataques de atiradores em 275 dias. Só no primeiro semestre do ano passado, 40 pessoas morreram nos EUA nessas circunstâncias.

Os números do país que tem mais de 393 milhões de armas registradas, para 325 milhões de habitantes, servem de alerta ao Brasil e comprovam que, a rigor, armar a população não garante redução na mortalidade. Pelo contrário: a experiência norte-americana mostra um alto número de suicídios, por exemplo.

Muitos lembrarão que temos um oceano de armas nas mãos de criminosos, que servem a assaltos, latrocínios, ameaças. Mas precisamos ter em mente que são armamentos ilegais, passíveis de apreensão. Se não conseguimos controlá-los, aí deveria estar o nosso foco.

As prometidas medidas do governo para simplificar o acesso às armas no Brasil foram mais discretas do que se temia. Foram mantidas restrições importantes, embora haja pressão popular – e lobby – para derrubá-las.

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Enlutemos-nos, lamentemos. Num momento de comoção como o de hoje, em que crianças saíram de casa para estudar e perderam a vida, em que adolescentes decidiram abrir fogo contra uma escola, e dar cabo à própria vida depois, essa é uma reflexão tão necessária quanto urgente.