A coluna teve acesso ao relatório do primeiro teste de cooperação técnica entre a Polícia Civil de Santa Catarina e a gestora de eventos responsável pela venda de ingressos para partidas em estádios, para identificar torcedores com ordem de prisão. O sistema cruza as informações dos torcedores que ingressam no estádio com a base de dados do Banco Nacional de Medidas Penais e Prisões (BNMP) e deve ser implantado em todo o Estado, de forma pioneira no país.

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A expectativa é identificar, entre os compradores de ingressos, mandados de prisão e internação em aberto, ou restrição de comparecer a jogos de futebol – o que é aplicado em casos de violência entre as torcidas.

O teste ocorreu no dia 30 de novembro na partida ente Criciúma e Corinthians, no Estádio Heriberto Hülse. O relatório da Polícia Civil diz que o evento foi escolhido pela relevância e pela presença de tecnologia de ponta, como o sistema de reconhecimento facial implantado nas catracas de acesso ao estádio.

A compra de ingressos exige que o portador forneça, de forma digital, um documento oficial contendo imagem facial e dados pessoais. Essas informações são cruzadas com o BNMP, e as restrições identificadas impedem o acesso ao estádio. A catraca é bloqueada quando o torcedor tenta acessá-la, e a equipe de segurança do estádio aciona os policiais presentes para que cumpram as ordens judiciais.

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O serviço realizou ao todo 10.993 consultas ao Banco de Dados. Nennuma restrição ativa foi identificada – ou seja, nenhum mandado de prisão em aberto. Mas o sistema detectou 33 pessoas com algum histórico registrado no BNMP. No relatório, a Polícia Civil diz que essas informações mostram a eficácia do processo de triagem e a relevância da tecnologia empregada para garantir a segurança no ambiente do evento.

O documento da Polícia Civil aponta medidas a serem lapidadas para o pleno funcionamento do sistema. Uma delas a restrição de acessos por minuto ao BNMP, que pode atrasar a análise de dados. Outro ponto de atenção é a criação de um protocolo de logística para abordagem da pessoa com restrição, para que não haja riscos à segurança dos demais presentes ao estádio. Por fim, evitar que o compartilhamento de informações sobre os torcedores esbarre na lei geral de proteção de dados.