Na década de 1950, Nelson Rodrigues chamou de “complexo de vira-lata” a mania que o brasileiro tem de se inferiorizar voluntariamente em relação ao restante do mundo. A expressão, que foi incorporada pelo nosso vocabulário popular, talvez explique por que razão a Câmara de Vereadores de Itapema achou uma boa ideia indicar que a prefeitura estude acrescentar “Balneário” ao nome do município, rebatizando a cidade.

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Itapema é um destino turístico conhecido há décadas em Santa Catarina. Nos últimos anos, cresceu muito além das expectativas e virou a nova queridinha do mercado imobiliário local. O índice de valorização dos imóveis já é o maior do país, acima de cidades como Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília e a vizinha Balneário Camboriú.

Entre os habituées de Itapema está Neymar, que há anos mantém um apartamento de luxo na beira da praia e tem outros investimentos na cidade, e Alexandre Pires, que escolheu Itapema para viver.

A cidade está entre as mais procuradoras do “turismo sol e mar” em Santa Catarina, e é hoje um dos destinos do circuito nacional e internacional de vôlei de praia, com competições que trazem movimentação e receita.

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Não é necessário levantamento para prever que a inclusão de “balneário” ao nome de Itapema não amplia as potencialidades da cidade. Pelo contrário, pode causar confusão e, pior, soar como uma tentativa de mimetizar Balneário Camboriú. Algo que, definitivamente, Itapema não precisa.

Se o Legislativo quer tornar a cidade ainda mais procurada pelos turistas, pode cuidar de aprovar leis que garantam um ambiente seguro para novos investimentos e um meio ambiente equilibrado. Exigir saneamento exemplar seria um bom começo.  

Itapema é suficientemente relevante para dispensar o complexo de vira-lata.

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