O avanço do novo coronavírus em Santa Catarina se escora em outro vírus, conhecido há muito mais tempo e igualmente pernicioso – o do oportunismo político. Em plena pandemia, é ele quem dita as regras das medidas pouco corajosas de enfrentamento a que temos assistido. Primeiro, no âmbito federal. Mais recentemente, no Estado e nos municípios.

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As medidas de enfrentamento anunciadas nesta segunda-feira (13) pelo Governo de Santa Catarina e pelos municípios da região da Foz do Itajaí-Açu, que amargam há três semanas o índice mais alto de risco no Estado, são exemplos de sintomas clássicos dessa doença que se alastra em diferentes níveis de poder. Preocupados com a sobrevida política, os gestores optam por decisões tímidas, de pouco efeito.

Essa simbiose entre uma doença potencialmente fatal, de rápida transmissão, e a preocupação dos políticos com as próximas eleições, que estão logo ali, em novembro, resultaram no cenário preocupante que Santa Catarina tem vivido nos últimos dias. Diante de ações reticentes para contê-la, a pandemia avança.

Esperava-se do governador Carlos Moisés, pelo menos, um alerta mais firme. Nem isso ocorreu. Abatida, a figura do governador, que se recupera da Covid-19, sequer lembra a do bombeiro, a quem se confiam emergências.

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Moisés sabe que a maior parte dos prefeitos está irresponsavelmente acuada, de olho na reeleição. Mesmo assim, hesita em gerir a crise. Está ocupado com os próprias problemas, gestados junto com a mal explicada compra de respiradores inservíveis. Nesse jogo de empurra, não há inocentes.

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De um lado, os prefeitos, que entre medidas impopulares que possam refletir no próximo pleito, ou deixar a população exposta ao vírus, escolhem a segunda opção. De outro, o Governo do Estado, que abre mão da função constitucional de gerir as políticas públicas que dizem respeito aos catarinenses.

Em tempos de coronavírus, a sobrevivência política forja a covardia.

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