A semana é decisiva em Brasília, com a expectativa de desfecho para três situações de grande repercussão: o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no TSE, a sabatina de Cristiano Zanin no Senado, e a troca de cadeiras no Ministério do Turismo, que deve beneficiar um aliado do todo-poderoso presidente da Câmara, Arthur Lira.
Continua depois da publicidade
Receba notícias de Santa Catarina pelo WhatsApp
Em Santa Catarina, os olhos estão voltados especialmente para o julgamento de Bolsonaro e as consequências que o resultado poderá trazer para as eleições municipais do ano que vem. O ex-presidente é considerado peça-chave para o sucesso do PL nas urnas.
Interlocutores do governador Jorginho Mello dizem que ele acompanha a situação com atenção e preocupação, de olho no projeto do PL para 2024. Nacionalmente, o partido já trabalha com a hipótese de não poder contar com Bolsonaro nas próximas eleições presidenciais.
Lotado em SC, corregedor da PRF indicado por Bolsonaro tem volta ao cargo negada pela Justiça
Continua depois da publicidade
Por um lado, isso coloca um grande ponto de interrogação sobre quem vai representar o bolsonarismo em 2026. Nomes como o de Romeu Zema e de Tarcísio Gomes de Freitas têm aparecido como “herdeiros” potenciais do espólio bolsonarista. Ambos são próximos de Jorginho Mello.
Por outro, corre nos bastidores a hipótese de que uma eventual punição mais dura da Justiça Eleitoral pode fortalecer o bolsonarismo se Bolsonaro for alçado à figura de “mártir” – e isso teria reflexos nas eleições municipais, especialmente em estados como SC, onde o ex-presidente tem a maior fatia do eleitorado.
Santa Catarina só fica atrás de São Paulo em renúncia fiscal
Independentemente do resultado do julgamento, é fato que Bolsonaro manterá o “toque de Midas” que ajudou a eleger parlamentares e governadores nas últimas eleições – inclusive Jorginho. O engajamento do ex-presidente na corrida municipal do ano que vem é decisivo e pode representar um divisor de águas para o PL. Valdemar Costa Neto já avisou que o partido vai custear viagens de Bolsonaro pelos estados e sua presença é SC é certa, já que o filho zero-quatro, Jair Renan, fará sua estreia no pleito municipal.
Em Santa Catarina, o objetivo do partido é fazer o maior número possível de prefeituras. Para tanto, a carona de Bolsonaro é indispensável. Elegível ou não.
Continua depois da publicidade
Zanin
A esta altura, a sabatina de Cristiano Zanin, ex-advogado de Lula e indicado do presidente da República para uma vaga no Supremo, já não preocupa o bolsonarismo. Senadores de SC estariam inclusive empenhados em garantir que Zanin chegue à vaga sem percalços.
Dois fatores colaboram com o futuro ministro: ele conseguiu reverter votos conservadores em conversas com a bancada evangélica, fugindo de posições progressistas na pauta de costumes. Além disso, a perspectiva de que seu nome seja aprovado reduz naturalmente a rejeição – ninguém quer se indispor de antemão com um ministro do STF.
Lira
Por último, mas não menos importante, a aproximação de Lula e Arthur Lira é acompanhada com atenção pela política em SC. Até agora, o presidente da Câmara tem dado as cartas e dobrado o governo. A entrada de um fiel escudeiro de Lira no Ministério do Turismo pode estreitar esses laços, o que deixaria mais difícil a vida da oposição no Congresso – a maior parte da bancada de SC.
Leia mais:
Convite de Jorginho a deputado federal para assumir secretaria pode abrir vaga na Câmara
Por que conversa com Rodrigo Pacheco desapontou Jorginho em Brasília
Continua depois da publicidade
A lição do desembargador que proibiu condução forçada de moradores de rua em Balneário Camboriú