A Secretaria de Estado da Saúde avalia uma campanha para aplicar a vacina tríplice viral nos catarinenses que não fazem parte do grupo prioritário de imunização contra a Covid-19. A proposta é embasada em uma pesquisa experimental, conduzida pela UFSC. A ideia é tentar frear o volume de internações, que levou ao colapso o sistema de saúde. 

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A pesquisa sobre os efeitos da tríplice viral apontou para uma possível redução de 54% nos sintomas, entre as pessoas infectadas, e diminuição na necessidade de internação hospitalar. Isso significa que a vacina alternativa não impede as pessoas de se infectarem – mas, em tese, poderia ajudar a reduzir a pressão sobre o sistema de saúde.

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A vacinação paralela, no entanto, divide opiniões. Em janeiro, a Vigilância em Saúde de Florianópolis publicou uma nota de orientação alertando que os resultados do estudo são preliminares e que o calendário de vacinação não sofreu alteração. Portanto, as vacinas tríplice viral continuam recomendadas apenas para as doenças às quais são indicadas pelo Ministério da Saúde – o que não inclui prevenção contra Covid-19. 

O superintendente de Vigilância em Saúde em SC, Eduardo Macário, disse que a estratégia está em fase de discussão com as prefeituras. A vacina faz parte do rol de imunização obrigatória e é aplicada nos postos de saúde, para proteger contra sarampo, caxumba e rubéola.

– Temos 500 mil (doses) em estoque, podendo ser utilizado na população que não estará contemplada como prioritária para a vacinação da Covid. Mas ainda estamos definindo o público alvo, estratégia e planejamento para pactuar a ação com os municípios – explicou Macario.

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O professor Edison Natal Fedrizzi, chefe do Centro de Pesquisa do HU da UFSC e pesquisador responsável pelo estudo, é favorável ao uso em grande escala como estratégia complementar de contenção das hospitalizações.

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– Se tivermos a possibilidade de ter pessoas para fazer essa campanha paralela (à vacinação contra a Covid-19), com material, seringas e agulhas, seria interessante.

Medida complementar

O entendimento é de que poderiam se beneficiar dessa estratégia pessoas jovens e sem comorbidades, por exemplo, que hoje não têm perspectiva para entrar na campanha de vacinação tão cedo. Esse perfil tem sido alvo de mais contaminação e hospitalização nesta nova onda da pandemia em SC – possivelmente, em razão das novas variantes.

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Para Fedrizzi, a vacinação paralela precisa estar associada a outras medidas.

– Reduzir hospitalização é o principal objetivo, é preciso haver conscientização, uso de máscara, distanciamento e avaliação de lockdown com os especialistas. Mas seria mais fácil, e talvez com maior sucesso, fazer isso com a campanha paralela de vacinação.

O trabalho desenvolvido pela UFSC ainda não foi concluído, e está em fase de produção de artigo científico. Depois da publicação em revista especializada, será então confrontado por outros cientistas em todo o mundo. Em novembro, um estudo semelhante foi apresentado pela Universidade da Georgia, nos EUA.

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