A festa mais popular do Brasil não combina com uma pandemia que, há dois anos, nos cobriu com máscaras e exigiu distanciamento. Dito isso, é um contrassenso que festas públicas de Carnaval tenham sido suspensas por municípios no Estado, em resposta ao recrudescimento da Covid-19, mas as festas privadas estejam ocorrendo sem qualquer restrição. Desfiles de escolas de samba e bloquinhos estão vetados de sair às ruas, ao ar livre – mas centenas de pessoas estão se reunindo em baladas fechadas. Faz sentido?
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O fato é que o Carnaval virou o bode expiatório numero 1 dos prefeitos após a virada de ano, quando a ameaça da variante ômicron foi solenemente ignorada. O resultado foram as filas imensas nos pronto-atendimentos e o aumento no número de hospitalizações. Santa Catarina viveu uma explosão de casos de Covid-19 que – convenhamos – poderia ter sido evitada.
Vale lembrar que o Réveillon teve festas públicas suspensas – caso de cidades como Florianópolis, por exemplo – e outras mantidas com muita aglomeração – caso de Balneário Camboriú. Em qualquer uma das situações, as festas privadas também foram mantidas com pouco ou nenhum controle. O Estado, dias antes da virada de ano, abriu mão do Protocolo Evento Seguro, que passou a ser opcional.
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Diante do resultado que se seguiu às aglomerações, a suspensão antecipada das festas públicas de Carnaval tinha o objetivo de passar a sensação de que algo estava sendo feito pelos prefeitos. Mas a medida, desde então, restringiu-se ao caráter mais popular da folia.
Veja bem, aqui não entro na discussão sanitária, se seria prudente ou não manter o Carnaval de rua no atual momento da pandemia. Mas falo da incoerência de suspender a folia apenas para quem não vai pagar o ingresso (muitas vezes caríssimos, como mostrou Anderson Silva em sua coluna) para frequentar as festas fechadas.
Ao optar por suspender apenas as festas de rua, o poder público faz uma escolha. Penaliza o caráter mais popular e autêntico do Carnaval para não passar por omisso. Mas faz ainda pior: mesmo sem querer, expõe quem manda nas cidades e seus espaços. E não são seus cidadãos.
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