Santa Catarina ficou de fora do roteiro do segundo turno, com todas as três cidades que poderiam levar as eleições municipais para um novo round “fechando a fatura” em 6 de outubro. Mas o cenário nacional que se desenha para este domingo (27) traz sinais importantes para a política no Estado.

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O primeiro deles, já vislumbrado por aqui, é a divisão da direita bolsonarista. Um bom exemplo vem de Curitiba (PR), onde Eduardo Pimentel (PSD), de centro-direita, que tem o PL de Bolsonaro como vice na chapa, disputa com Cristina Graeml (PMB), candidata da ultradireita, que recebeu apoio informal do ex-presidente e também de Pablo Marçal (PRTB).

O segundo turno de Curitiba simboliza o dilema de Bolsonaro, entre apoiar o candidato indicado pelo próprio partido, resultado das costuras conduzidas por Valdemar Costa Neto, ou uma candidatura de fora, que tenha um discurso mais alinhado ao dele. Este é um enredo que tende a se repetir em 2026, caso Bolsonaro mantenha-se inelegível – hoje, ao que tudo indica, será mantida a inelegibilidade.

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É provável que o ex-presidente se veja daqui a dois anos diante da escolha pragmática entre o PL, que paga seu salário, e candidatos outsiders mais extremistas – um elemento reforçado pela “marçalização” da política, um fato novo e nada desprezível.

É a nova geração da ultradireita, midiática e digital, que também tem estremecido o mundo evangélico. Silas Malafaia foi o primeiro a se manifestar, criticando Bolsonaro por não ter combatido Pablo Marçal. A figura do coach, e sua penetração junto ao eleitorado evangélico, têm sido vistas como uma ameaça ao avanço neopentecostal na política.

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Jovem, antipolítica e conservador, Marçal se coloca como líder espiritual e moral e emula o discurso da prosperidade, que faz sucesso em algumas correntes evangélicas neopentecostais. Malafaia disse que Marçal vai “levar metade o voto evangélico e dividir a direita”, e ele pode estar certo. Isso também pode mudar o jogo de forças em uma fatia importante do eleitorado brasileiro.

Esses movimentos indicam que há muitos solavancos pela frente até que as forças políticas se reorganizem e voltem a se acomodar – a forma como sairão da disputa de 2024 será um bom indicativo.

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Isso refletirá em Santa Catarina, onde o governador Jorginho Mello (PL) disputará a reeleição com um PL capilarizado, mas pode enfrentar um adversário na mesma raia bolsonarista, como João Rodrigues (PSD). Outro efeito tende a ser visto na disputa pelas vagas no Congresso, com deputados à direita disputando voto a voto a preferência do eleitor.