A Procuradoria Geral do Estado (PGE) se prepara para cobrar do Paraná e de São Paulo os valores devidos pelos royalties do petróleo. É o resultado de uma longa ação no STF que reconheceu o direito de Santa Catarina sobre campos de exploração que, embora localizados entre Itajaí e São Francisco do Sul, rendiam valores aos dois outros estados.

Continua depois da publicidade

Saiba como receber notícias do NSC Total no WhatsApp

Com 30 anos de tramitação, o processo era o mais antigo movido pela PGE no Supremo. Ao final, o STF determinou que o IBGE reconhecesse o equívoco e revisasse os limites marítimos entre os estados. Foi a definição equivocada desses limites, na década de 1980, que direcionou ao Paraná e a São Paulo os royalties a que SC tinha direito. A mudança de traçado abrangerá os campos de exploração Tubarão, Estrela do Mar, Coral, Caravela e Caravela do Sul.

A PGE está finalizando o levantamento sobre os valores a serem cobrados dos dois estados. Em junho, o governador Jorginho Mello (PL) procurou o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, para pedir os cálculos sobre os valores que foram enviados aos estados ao longo das últimas décadas, e a projeção de produção dos campos de petróleo pelos próximos anos.

Jorginho vai ao presidente da Petrobras em busca dos royalties do petróleo

Continua depois da publicidade

As informações chegaram e, em julho, o Governo de Santa Catarina pediu dados complementares à Agência Nacional do Petróleo (ANP), que ainda não foram recebidos. O montante a ser recebido é retroativo a 1991, data em que a ação foi proposta pelo Estado.

Como o cálculo segue em aberto, ainda é cedo para “bater o martelo” sobre o que é devido a Santa Catarina. Uma projeção antiga falava em R$ 300 milhões – valor que é considerado subestimado. Ainda assim, é expressivo: corresponde, por exemplo, às perdas mensais que o Estado teve com a redução na alíquota de ICMS dos combustíveis, a partir de 2022.

A previsão de cobrança já começa a causar movimentações em São Paulo e no Paraná. Na última semana, o jornal paranaense Gazeta do Povo entrevistou o Procurador Geral do Estado, Márcio Vicari, que disse não haver ainda consenso sobre o modelo de cobrança.

– De repente, uma compensação da produção atual ou por meio próprio do cumprimento de decisões [judiciais] – afirmou o procurador.

Continua depois da publicidade

O que fez Lula melhorar avaliação do governo no reduto bolsonarista do Sul

O governador Jorginho Mello, em conversa com a coluna há alguns meses, considerou a hipótese de colocar o retorno nas mãos da Petrobrás, descontando os royalties futuros dos dois outros estados e direcionando os valores devidos a Santa Catarina.

O governo de São Paulo, por sua vez, contesta uma eventual cobrança de SC por entender que o novo traçado de limites marítimos também expande suas fronteiras em relação a dois campos de petróleo, Tubarão e Estrela do Mar. Nesse caso, é provável que o Paraná também tenha que arcar com devolução de royalties a São Paulo, além de ressarcir Santa Catarina.

Leia mais:

Três fatos que a PRF ainda precisa explicar sobre bloqueios pós-eleições em SC

O que Jair Renan Bolsonaro foi fazer na Alesc

Com valor bilionário, Refis de SC será “mais ousado da história”

A reação de Silvinei Vasques ao ser preso pela PF

Balneário Camboriú aprova lei para distribuição de cannabis medicinal no SUS