A bomba lançada pelos irmãos Miranda na CPI da Covid nesta sexta-feira tem potencial para implodir o governo Bolsonaro e estourar no colo do presidente da República, em forma de processo de impeachment. Mas, enquanto o deputado Luis Miranda acusava o líder do governo na Câmara de estar por trás de um suposto esquema para faturar com a compra de vacinas, Bolsonaro brincava de Nárnia em Santa Catarina, cercado por apoiadores e pelos gritos de “mito”.

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O presidente conseguiu na sexta-feira, em Chapecó, ignorar a sessão mais conturbada e tensa da CPI até agora, em que o assunto não era a demora em adquirir imunizantes e a tese de que o governo apostou em imunidade de rebanho e aumentou o número de mortos no Brasil. Constatações para as quais o governo dá de ombros e que não afetam sua base mais fiel.

A denúncia, agora, é de possível caso de corrupção. E corrupção com a saúde pública, com potencial para desmontar a base de discurso sobre a qual o presidente se elegeu.

Nada disso atrapalhou a “palestra” de Bolsonaro a empresários em Chapecó. Em tom de campanha, o presidente da República falou sobre seu governo, disse que foi impedido de agir na pandemia por decisão do STF (o que não é verdade) e não trouxe nenhum anúncio relevante para Santa Catarina. Pareceu que nem conhece as dívidas históricas do governo federal com o Estado. Mas foi aplaudido em pé. O vídeo com a fala do presidente foi divulgado, nas redes bolsonaristas, com o título “Bolsonaro arrasa em discurso avassalador e Chapecó e é aclamado como herói”.

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Na manhã deste sábado (26) teve mais clima de festa na voltinha de moto que os bolsonaristas apelidaram de motociata. Ainda que o passeio do presidente tenha incluído a BR-282 a caminho de Xanxerê, uma das rodovias que são retrato do descaso do governo federal com Santa Catarina, sem verbas para a duplicação.

Em meio aos apoiadores fiéis, Bolsonaro faz demonstrações de força e apoio popular – mesmo que as pesquisas apontem o contrário. Santa Catarina, de quem o governo vetou R$ 152 milhões do orçamento, serve de palco e palanque para a narrativa bolsonarista. Um fim de semana de realidade paralela para um governo em crise.

O problema, para Bolsonaro, é que o fim de semana acaba. Ontem, diante do escândalo transmitido em tempo real pela CPI, Bolsonaro jantou pizza em Chapecó. Uma provocação do presidente que se diz “imbrochável, imorrível e incomível”. A CPI dirá se também é “inimpichável”.

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