As atenções estão voltadas, em Brasília, à instalação da CPI da Covid, que deve ter a primeira reunião na quinta-feira (22), logo após o feriado. Dos 11 parlamentares que integram a Comissão, sete são independentes ou declaradamente oposição ao governo Bolsonaro. A tropa de choque em defesa do presidente caberá a quatro parlamentares, mais alinhados ao bolsonarismo – entre eles o senador catarinense Jorginho Melo (PL).
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Jorginho é vice-líder de Bolsonaro no Senado e conquistou a confiança do presidente pela relação próxima que tem com o filho zero-um, o senador Flávio Bolsonaro. Um bom desempenho na CPI interessa ao senador, que pretende formalizar o apoio do presidente à sua provável candidatura ao Governo de SC.
Jorginho deverá ter trabalho para defender o governo, diante da composição da CPI indicada pelos partidos. O bloco governista da CPI conta também com Ciro Nogueira (PP-PI), Eduardo Girão (Podemos-CE), e Marcos Rogério (DEM_RO). À coluna, o senador disse que o clima em Brasília é de “chapa quente”.
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A CPI da Covid deve mirar, de largada, no estímulo e gasto público para produção e compra de remédios ineficazes e prejudiciais para pacientes com Covid-19, no atraso na negociação de vacinas e na tese de que Bolsonaro agiu deliberadamente para sabotar medidas que poderiam ter contido a pandemia com o objetivo de criar ‘imunidade de rebanho’. A lista de convocações deve incluir todos os quatro titulares que passaram pelo Ministério da Saúde ao longo da pandemia, fabricantes de vacinas e entidades médicas.
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A tropa bolsonarista tentará direcionar o foco para o rastreio dos recursos enviados pelo governo federal aos estados e municípios. O direcionamento das verbas federais, que foi incluído posteriormente entre os objetivos da CPI, pretende sustentar o argumento de que o presidente agiu, mas que as verbas foram desviadas ou mal aplicadas. A ideia inicial era uma CPI que investigasse também ações e omissões de governadores e prefeitos, mas esse papel cabe aos legislativos locais, e não ao Congresso Nacional – por isso foi abortada.
O fato é que a inclusão dos repasses já aumenta consideravelmente o leque de investigações, e tem o condão de estender a CPI indefinidamente, sem conclusão. O que seria uma vitória para o governo. Os rumos e a velocidade da CPI serão ditados pela presidência e a relatoria. A tendência é que o senador Omar Azis (PSD-AM) seja o presidente, com apoio da ala governista. O relator deve ser Renan Calheiros (MDB-AL).
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