A vacinação infantil contra a Covid-19 se tornou um cavalo de batalha para a extrema direita – e não é diferente em SC. Há meses, deputados federais catarinenses vinham atacando a vacina obrigatória nas redes sociais, movimento que culminou com a onda de decretos inconstitucionais para desobrigar a apresentação do comprovante de vacinação no ato da matrícula nas escolas. O que recebeu finalmente um basta do Supremo Tribunal Federal, em uma decisão pedagógica do ministro Cristiano Zanin.

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Enquanto os esforços de uma parte relevante da política catarinense se concentram em atacar uma vacina aprovada pela Anvisa e recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que delegou aos países traçar a melhor estratégia de distribuição – e a vacinação obrigatória é uma estratégia vitoriosa no Brasil – Santa Catarina vive outro problema de saúde pública, relegado a segundo plano.

O Estado tem um vivido uma aceleração perigosa dos casos de dengue. Já são oito mortes confirmadas este ano – mais de uma por semana – e uma progressão alarmante de contaminações. Desde a semana passada, foram quatro mil casos a mais, totalizando mais de 12 mil nestas primeiras semanas de 2024.

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Apesar disso, o Estado não entrou na lista dos primeiros 10 a receberem a vacina pública contra a dengue. Com doses limitadas, o Ministério da Saúde priorizou estados onde os números são ainda mais graves. Por enquanto, não há previsão de vacinação em SC.

A vacina é uma das estratégias para conter a dengue, que também depende conscientização coletiva para acabar com os nascedouros do mosquito, investimento em políticas de prevenção, e atendimento hospitalar adequado. Não é o que temos visto em Santa Catarina. No feriado de Carnaval, municípios fecharam as portas dos postos de saúde, causando um colapso no sistema hospitalar. São as mesmas prefeituras onde os esforços estavam voltados a atacar a eficaz e recomendada vacina contra a Covid-19 para crianças.

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Melhor seria se os esforços de prefeitos e parlamentares catarinenses fossem direcionados a pressionar o Ministério da Saúde para acelerar o envio de vacinas contra a dengue para Santa Catarina. Tanto na oposição ao governo federal, quanto na situação.  

A politização da saúde já fez muito mal ao Brasil, causando hesitação vacinal – e Santa Catarina, que já foi o estado com os melhores resultados do país em campanhas de vacinação, é um exemplo trágico dos estragos que a irresponsabilidade de agentes públicos é capaz de causar. Está na hora de tirar a venda ideológica e cuidar dos problemas reais.

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