Fora do ninho tucano depois de mais de três décadas, Geraldo Alckmin assume a posição de bispo no xadrez da política. Ouvi a metáfora de uma fonte nesta tarde em que o ex-governador de São Paulo anunciou sua saída do PSDB – e ela faz todo sentido. Quem entende um pouco de xadrez sabe que o bispo é uma peça versátil. Diferente de um peão ou um cavalo, que têm os movimentos limitados, o bispo pode deslizar em diagonal de ponta a ponta, por quantas casas quiser.
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A comparação cabe porque, ao abrir mão de seu lugar no tucanato, Alckmin tem mais de uma opção de futuro à escolha. Neste momento, é grande a chance de se filiar ao PSB e ser indicado a vice de Lula pelo partido. O que embola as negociações, por enquanto, é o fato de que nem PT, nem PSB, abrem mão de ter candidato ao governo de São Paulo. Alckmin também pode optar pelo PSD e pelo Solidariedade, para concorrer a um novo mandato como governador.
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A parceria com Alckmin – o bispo – é uma das opções para emprestar a Lula a posição de rainha, com possibilidade de se mover para qualquer lado do tabuleiro. A dobradinha é um movimento do ex-presidente em direção ao centro e a um eleitorado mais conservador, propenso à terceira via. Curiosamente, a saída de Alckmin do PSDB representa o oposto – o afastamento dos tucanos da origem social-democrata e da centro-esquerda.
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Esse movimento respinga internamente nas bases do partido – em São Paulo, onde João Doria assume o protagonismo, e em Santa Catarina, entre os cerca de 15% dos tucanos catarinenses que se identificam com as origens do PSDB. O impacto externo e mais amplo, no entanto, dependerá da escolha do ex-tucano para o futuro. Se optar pela parceria com Lula e a guinada ao centro da candidatura petista, Alckmin pode afrouxar resistências à esquerda e provocar alguma marola na corrida pelo Governo do Estado, hoje disputada essencialmente na raia bolsonarista.
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