A sabatina do secretário de Estado da Saúde, Helton Zeferino, pelos deputados de Santa Catarina, nesta terça-feira (14), foi o retrato de um parlamento com preocupações paroquiais e desatento à gravidade de uma pandemia, que pode levar ao colapso do sistema de saúde.

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Não se ouviu nenhum questionamento sobre a expectativa de evolução da covid-19. O secretário não precisou explicar, por exemplo, o que o modelo de calculadora epidêmica adotado para as estimativas sobre a pandemia em Santa Catarina indicam para as próximas semanas. Qual é o quadro vislumbrado, e se o Estado está preparado para enfrentá-lo.

Salvo algumas exceções, as perguntas orbitaram entre os planos do governo para equipar hospitais em regiões específicas, e dúvidas sobre os custos do hospital de campanha. Os questionamentos são pertinentes, mas muito ficou fora da pauta.

Ao invés de sabatinar o secretário sobre os números que o Governo do Estado já trouxe a público – e, principalmente, aqueles que ainda omite – para procurar compreender de que forma o parlamento pode ajudar a preparar Santa Catarina para um desafio ímpar, os parlamentares preferiram, por exemplo, saber por que academias de ginástica ainda não podem abrir.

O secretário não precisou explicar se o relaxamento das medidas de isolamento social teve respaldo científico, nem que impacto a medida poderá trazer à curva de contaminação no Estado. Nenhum dos dados mais sigilosos sobre a pandemia precisou ser trazido a público. Mas Zeferino precisou falar sobre a reabertura das igrejas.

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Enquanto as autoridades de saúde alertam que o pior está por vir nas próximas semanas, a Assembleia Legislativa de Santa Catarina questionou o secretário de Saúde sobre a edição de um conjunto de regras necessárias para retomar os cultos.

Há duas leituras possíveis para o resultado da sabatina desta tarde. Uma delas é a constatação de que o governo peca na comunicação dos dados da pandemia – um levantamento do instituto Open Knowledge Brasil trouxe SC como um dos estados com pior índice de transparência na comunicação das informações sobre o coronavírus. É possível que, com mais informações, os deputados compreendessem, por exemplo, o motivo para a Secretaria de Estado da Saúde priorizar uma região em detrimento da outra na distribuição de novos leitos de UTI.

Outra possibilidade é que, para uma parte dos deputados, a pandemia não passe de histeria coletiva, como pregam autoridades irresponsáveis. Pelo bem dos catarinenses, que pagam seus salários, fariam bem em se preparar melhor.

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