No jargão popular, Julio Garcia (PSD) já é presidente da Assembleia Legislativa “na Austrália”. Pragmático e articulador experiente, no entanto, o deputado é mais contido na análise. Diz que as tratativas estão ocorrendo, mas que a questão só estará fechada após a discussão sobre a composição da Mesa Diretora e as presidências das comissões – o que deve ocorrer nas próximas duas semanas, antes do início do recesso parlamentar.

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O fato é que a Alesc caminha para fechar consenso em torno do nome de Julio Garcia, que será presidente do Legislativo pela quarta vez. Na última semana, houve manifestações formais de PP, União Brasil, Republicanos e Novo em torno do projeto do PSD. Nos bastidores, PT e PSOL também estão inclinados ao apoio.

O MDB, que está na presidência atualmente, ainda não fechou posição – mas as conversas de Julio Garcia com o presidente Mauro de Nadal (MDB) têm sido promissoras. Falta o PL do governador Jorginho Mello. No fim de semana, o deputado Ivan Naatz (PL) publicou nas redes sociais que Julio é o melhor caminho para a Alesc. É uma sinalização importante, porque Naatz vinha articulando uma Proposta de Emenda Costitucional (PEC) para permitir a reeleição para presidência da Assembleia, num aceno ao MDB.

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– No PL temos simpatias individuais – resumiu Julio Garcia à coluna.

O retorno do poderoso pessedista à presidência colocará a Alesc nas mãos de um rival histórico do governador Jorginho Mello (PL). Um obstáculo que tem sido superado à base de muita conversa. Julio esteve duas vezes na Casa D´Agronômica nos últimos dias, para azeitar a relação com o governador.

– O governador já foi deputado, sabe que a Alesc tem sua independência – disse o deputado.

Julio Garcia e Jorginho Mello começaram a carreira juntos, no antigo Besc. De bancários, saltaram para a política.

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– Eu digo que ele foi mais competente que eu porque chegou a governador – brincou um bem-humorado Julio Garcia – temos uma relação muito boa – garantiu.

O histórico dos dois, no entanto, inclui uma série de rusgas políticas pelo caminho. Inclusive, e especialmente, no período em que os dois estiveram juntos na Alesc. O relacionamento ganhou um tempero a mais com a disputa entre o PL de Jorginho e o PSD de Julio, que tendem a polarizar as eleições para o governo do Estado, com João Rodrigues disputando pelos pessedistas. O futuro presidente da Assembleia tem tratado de sinalizar a Jorginho que isso não vai interferir nos rumos do Legislativo.

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Os períodos de Julio Garcia na presidência da Alesc nem sempre foram voo de cruzeiro para os governos de plantão – sintoma da aderência que ele costuma ter de seus pares, independentemente de bandeira político-ideológica. Em 2021, Julio foi o responsável por abrir processo de impeachment contra o então governador Carlos Moisés, que chegou a ser afastado por duas vezes. De volta ao cargo, ele abriu o governo para o PSD.

Embora negue falar tão cedo do retorno, Julio Garcia já tem pronto o discurso de presidente:

– Meu compromisso é fazer o que fiz nas outras gestões. A Assembleia vai ter independência, mas conviver harmonicamente com os demais poderes.

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