A organização da The Ocean Race – a nova identidade da Volvo Ocean Race – anunciou oficialmente, nesta quarta-feira (16), o retorno a Itajaí na próxima edição, que começa no segundo semestre de 2021 em Alicante, na Espanha. Será a quarta vez consecutiva que a regata volta ao mundo passa por Itajaí, única parada da competição considerada a “Fórmula Um dos Mares” na América Latina.

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O retorno poderá ter um atrativo a mais para o público brasileiro: o velejador Torben Grael, uma das lendas da vela mundial, cinco vezes medalhista olímpico pelo Brasil e comandante do barco Ericsson 4, que venceu a volta ao mundo na edição 2008-2009, quer viabilizar uma equipe ou um barco do Brasil na próxima edição. É uma maneira de potencializar o interesse na parada brasileira, que na última edição mobilizou um público de 440 mil pessoas em Itajaí.

– Com uma possível entrada brasileira na próxima regata, esse interesse pode crescer ainda mais – diz Grael.

Na última edição o Brasil foi representado pela também campeã olímpica Martine Grael, filha de Torben, que velejou junto à equipe do barco holandês Akzo Nobel.

– É fantástico voltar a Itajaí após três paradas bem-sucedidas nas edições anteriores. Em 2018, ver a resposta da torcida local à velejadora Martine Grael foi um lembrete poderoso do que esse esporte significa para nossos fãs no Brasil – disse o presidente da The Ocean Race, Richard Brisius.

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Parceria com o Estado

Em Itajaí, o anúncio oficial foi feito pela prefeitura e o Governo do Estado, que custearão, juntos, os royalties do evento. A confirmação veio após mais de um ano de negociação, em que a cidade concorreu com São Sebastião (SP) e Salvador (BA). Nesta quarta-feira o valor oferecido por Santa Catarina foi divulgado: 1,5 milhão de euros, o equivalente a cerca de R$ 7 milhões, em cotação atual. A oferta oferecida pela cidade paulista, principal concorrente de São Paulo foi de 2,5 milhões de euros.

Pesou a favor de Itajaí o know how conquistado em três edições da regata, em que a cidade abraçou o evento e fez o turismo náutico crescer junto com ele. Infraestrutura, segurança e a logística portuária, para o transporte da estrutura da festa, são itens levados em conta pela organização para a escolha das cidades-sede.

Flavia Didomenico e Volnei Morastoni
Flavia Didomenico e Volnei Morastoni (Foto: Marcos Porto, Divulgação)

Contrapartida

Itajaí fez um trabalho de excelência na organização da parada das edições anteriores. Desta vez, a Santur vai atuar junto com o município em todas as etapas do evento – inclusive na divulgação internacional. Foi uma das contrapartidas exigidas pelo Estado, que vai pagar 1 milhão de euros pelos direitos de realização – os outros 500 mil serão custeados pela prefeitura. A marca da parada, desta vez, também levará o nome de Santa Catarina: será Santa Catarina Itajaí Stopover.

Flavia Didomenico, presidente da Santur, disse que o governo tem intenção de “apropriar-se” do evento, para que ele tenha dimensão estadual. O prefeito Volnei Morastoni (MDB) afirma que a parceria será importante na busca por apoio do governo federal, e um reforço para angariar patrocínio junto à iniciativa privada.

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_ (O evento) consolida Itajaí como Polo Náutico do Brasil, fortalecendo a economia do mar e o turismo de toda região. Além disso, leva o nome de Santa Catarina e do Brasil para o pódio mundial – afirmou.

Movimentação financeira

A última passagem da Volvo Ocean Race por Itajaí movimentou R$ 83 milhões, valor que inclui desde a mobilização portuária e nos aeroportos do Estado, até a alimentação. Do total, 76% ficou na região de Itajaí.

O Estado, que investiu R$ 4,7 milhões na edição passada, teve quase R$ 6 milhões de retorno de ICMS.

Um dos retornos mais evidentes foi o do setor de hospedagem: a regata fez dobrar a oferta de leitos na rede hoteleira, de 2012 para cá, e voltou Itajaí para o turismo e os esportes náuticos. Outro legado é a aposta na sustentabilidade, que veio “de carona” com a última edição da Volvo Ocean Race, e fez a cidade ser a primeira no país a assinar compromisso de redução do lixo plástico que vai parar nos oceanos.

Itajaí Stopover
Itajaí Stopover (Foto: Marcos Porto, Divulgação)

Vela ao extremo

A The Ocean Race é considerada uma das mais extremas provas da vela, e reúne alguns dos melhores velejadores do mundo. A regata, que chegará à 14ª edição, terá pela primeira vez duas classes de veleiros competindo. Além dos barco VO65, já conhecidos em Itajaí, disputarão a volta ao mundo barcos da classe Imoca 60, que são menores e têm maior rendimento.

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A data exata da passagem por Itajaí só será conhecida após o anúncio de todas as nove paradas – mas a previsão é para o primeiro semestre de 2022. Até agora, além de Itajaí, foram confirmadas Alicante, na Espanha, Aarhus, na Dinamarca, Haia, na Holanda, /Ilha de São Vicente, em Cabo Verde, e Gênova, na Itália, que receberá a grande final.

Passagens da Volta ao Mundo pelo Brasil:

1973-74 – Rio de Janeiro

1977-78 – Rio de Janeiro

1997-98 – São Sebastião

2001-02 – Rio de Janeiro

2005-06 – Rio de Janeiro

2008-09 – Rio de Janeiro

2011-12 – Itajaí

2014-15 – Itajaí

2017-18 – Itajaí

2021-22 – Itajaí