A moda entre os estabelecimentos que descumprem as regras mínimas para controle da pandemia no Litoral é burlar o alvará, contando com vistas grossas das autoridades. Estão registrados como restaurantes, que podem funcionar normalmente. Mas, na prática, atuam como baladas – que seguem proibidas no Estado diante do nível gravíssimo de risco para Covid-19, em todo o território de Santa Catarina.
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Há três níveis de irresponsabilidade envolvidos. O primeiro deles é de quem promove as festas, sabendo que comete uma irregularidade. Se valem da fiscalização insuficiente e das regras errantes para lucrar com gente aglomerada e sem máscara.
O setor de eventos e entretenimento foi no mundo todo um dos mais afetados pela crise, e continua sentindo os efeitos da pandemia. Precisa de apoio e auxílio governamental – mas isso não é salvaguarda para colocar em risco a vida alheia. Inclusive a vida de quem trabalha nesses locais, exposto a um ambiente perfeito para a circulação do vírus.
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O segundo responsável é o poder público, que finge fiscalizar as aglomerações. Cabe às prefeituras identificar estabelecimentos com alvará de restaurante funcionando como balada. E não é difícil, basta uma voltinha dos fiscais no horário em que os eventos ocorrem. Mas o mais comum é que a fiscalização atue em horário comercial e, obviamente, não ‘flagre’ irregularidade alguma.
Em Itajaí, por exemplo, a Polícia Militar interditou o mesmo bar duas vezes em três dias. A Vigilância Sanitária deixou para dar uma olhada na situação nesta segunda-feira. Situações semelhantes ocorrem em diversos pontos no Litoral, numa vergonhosa conivência entre quem despreza as regras e os governos que têm por obrigação garantir que elas sejam cumpridas.
Por fim, mas não menos importante, há a responsabilidade dos baladeiros. Aqueles que se dizem cansados da pandemia, que não querem saber de restrições, que precisam aglomerar em nome da ‘saúde mental’. Nos restaurantes/baladas mais procurados das praias de SC aglomera-se gente bonita, saudável e bem vestida, mas com nenhuma empatia. Os hospitais estão lotados, mais de 5 mil pessoas já morreram no Estado, mas e daí? Isso não parece ser problema para os jovens que querem curtir a noite.
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A que brindam os festeiros? O que celebram as pessoas que se dispõem a servir de vetor para a Covid-19? Será que agiriam da mesma forma se conseguissem visualizar o risco de empurrar um familiar ou a si mesmo para um leito de hospital?
As baladas da insanidade se tornaram a última fronteira do egoísmo, embaladas pelo descaso das autoridades. O problema é que o preço da festinha alheia é cobrado em vidas. Quem vai pagar por isso?
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