Existem na política aquelas situações em que não há como ‘sair mal na foto’. A vacina é uma delas. Especialmente quando se trata do começo do fim para uma pandemia de assola o mundo há um ano. É histórico e, não por acaso, cada cerimônia de vacinação simbólica foi muito bem calculada.

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Em Santa Catarina, o governador Carlos Moisés (PSL) fez sombra na intenção do prefeito da Capital, Gean Loureiro (DEM), de dar início à imunização esta semana. O Estado demorou algumas horas para definir se faria a solenidade. No vácuo de informações, a prefeitura de Florianópolis saiu na frente e já havia anunciado quem receberia a primeira dose.

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Dias antes, Gean soube capitalizar com a vacina ao divulgar em primeira mão, para todo o país, a data prevista para o início da campanha nacional. Era o ‘dia D e a hora H’, informação levada pelo ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, à reunião da Frente Nacional de Prefeitos.

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O prefeito teve seu momento. Mas a foto da vacina, aquela cobiçada pelos governantes de plantão – a maioria deles, pelo menos – foi mesmo do governador.

Há razão para que se dê tanta importância à imagem com a vacina. Primeiro, porque é uma notícia positiva. Depois porque, com os insumos atrasados e a previsão de que o plano de imunização se estenda até 2022, a vacina tende a continuar na pauta e a ser um importante ativo nas próximas eleições.

Embora a responsabilidade de distribuição de doses caiba ao governo federal, por meio do Ministério da Saúde, Estado e municípios ficam com o abastecimento de agulhas, seringas e a organização da logística de vacinação. Se tudo funcionar bem, como o Brasil tem experiência de sobra para fazer, quem está nos postos de comando será beneficiado. Caso contrário, a corda romperá – e a tendência é que os primeiros a serem prejudicados sejam aqueles que estão mais próximos do eleitor.

De certa forma, a vacina ajudará a medir a temperatura nas eleições. Mesmo que ainda seja cedo para indicar se a eficácia deste pontapé inicial vai durar até lá, fez bem quem apareceu na foto.

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André Motta Ribeiro com o ministro Pazuello em Guarulhos
André Motta Ribeiro com o ministro Pazuello em Guarulhos (Foto: Governo de SC, Divulgação)

Prestigiado

Embora a pasta da Saúde seja uma das mais cobiçadas no movimento de abertura do Governo do Estado, o governador Carlos Moisés (PSL) tem deixado claro que o secretário André Motta Ribeiro tem prestígio. Foi ele o ‘enviado especial’ de Santa Catarina para a cerimônia oficial de entrega da Coronavac aos governadores pelo Ministério da Saúde, na semana que passou. Entre os governantes que participaram da solenidade estavam o governador do Rio de Janeiro, Claudio Castro, o governador do Rio Grande do Sul, André Leite, governador Ronaldo Caiado, de Goiás, e Romeu Zema, de Minas Gerais – entre outros.

Curtas

– A vacina chegou ao Brasil com atraso, a conta-gotas e com doses extras de politização. Ponto para o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), largou na frente por ter feito a aposta certa. Teve o mérito de forçar o governo federal se mexer.

– Está claro que ‘insumos’ serão o gargalo do ano. O pregão da Secretaria de Estado da Saúde para compra de 11 milhões de seringas esbarrou no preço. A alta assustou o comitê de licitação.

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