O cancelamento da agenda do presidente Michel Temer (MDB) em Santa Catarina, para a inauguração do Centro de Educação Integral Leonel Brizola, em Bombinhas, pegou de surpresa autoridades e os professores da pequena cidade do Litoral, que nos últimos dias trabalharam pesado para garantir um espetáculo à altura do presidente da república.

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Às vésperas do Natal, época em que a meninada está em férias, as crianças de Bombinhas confeccionaram presentes e ensaiaram apresentações. Tudo em tempo recorde, já que a data prevista para a inauguração da escola – e a vinda de Temer – era sábado, 22 de dezembro, e foi alterada de última hora. De um dia para o outro, foi necessário deixar tudo pronto.

A prefeitura contratou a estrutura padrão para a cerimônia – que seria a mesma se o presidente não viesse, garantem. Não teve gastos extras. Mas o Palácio do Planalto enviou assessoria com antecedência, para cuidar do cerimonial e da viagem do presidente. Mobilizou aparato logístico. A equipe de TV da presidência já preparava reportagem.

Difícil estabelecer o custo financeiro concreto de uma operação como essa. Mas o preço do desapontamento dos meninos e meninas que se prepararam para apresentações da banda municipal, do coral infantil e contação de histórias, é fácil mensurar. E é simbólico, em um momento de descrença do brasileiro com a classe política.

O “desafio Chave de Ouro”, do qual fez parte a escola de Bombinhas, parece ter sido uma tentativa de mudar a imagem do presidente que acumulou os mais altos índices de rejeição dos últimos tempos.

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Temer assumiu o posto em um conturbado processo de impeachment, passou pelo desgaste da greve dos caminhoneiros, e chega ao fim do mandato sem apoio popular e nem do empresariado, já que não concluiu as reformas que prometeu. Inaugurar obras país afora seria um jeito de mudar a imagem do presidente. Não funcionou.

A inauguração ocorrerá da mesma forma, com o ministro Carlos Marun representando o presidente e a presença do governador Eduardo Pinho Moreira (MDB). A informação oficial da assessoria de Temer foi que o cancelamento ocorreu por “questões de agenda”.