Santa Catarina terá, nas Eleições 2020, um total de 202 candidatos ‘fardados’, que declararam como ocupação policial militar, bombeiro militar ou militar reformado. O número é 66% maior do que nas últimas eleições municipais, em 2016.
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O fenômeno é nacional, e vem na esteira do bolsonarismo e da ‘antipolítica’. Chama atenção que, em Santa Catarina, o cargo que registrou maior aumento tenha sido o de prefeito, o maior posto das eleições municipais. Em 2016, o Estado teve um candidato identificado como militar. Em 2020, são 16.
Entre os candidatos a vice-prefeito, o número subiu de seis para 11. E, dos que tentam uma vaga de vereador, 175 são militares – contra 114 em 2016.
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Os PMs são mais da metade dos candidatos ‘fardados’ em Santa Catarina. Ao todo, 122 policiais militares concorrem nestas Eleições. Bombeiros militares contabilizam 20 candidatos, e militares reformados, 60.
Embora a atração dos fardados pela carreira política tenha ganhado um upgrade com a vitória do presidente Jair Bolsonaro e seu discurso, alinhado ao militarismo, essa tendência não é exatamente nova. Márcio Staffen, professor de Ciência Política no programa de mestrado e doutorado da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), diz que a inclinação dos militares brasileiros à política é histórica, especialmente nos momentos de maior instabilidade.
– O processo republicano brasileiro foi construído pela lógica dos militares como tutores das nossas instituições, inclusive, da nossa democracia – observa.
Outro ponto que favorece as candidaturas militares são a crença do brasileiro em uma suposta moralidade e integridade vinda da caserna – o que faz deles uma “alternativa” natural quando há frustração do eleitorado com os políticos civis.
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Embora não seja proibido aos militares se candidatem e atuarem politicamente (ainda que existam restrições), há no entanto questionamentos sobre o quanto a cultura do militarismo faz sentido no ambiente democrático. Steffen diz que essa migração dos militares para a política pode ser saudável para a democracia se discurso, propostas e ações estiverem de acordo com a Constituição Federal e com os valores democráticos. Ele lembra, no entanto, que “uma democracia não se sustenta apenas em fardas e sob hierarquia e subordinação”.
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