Há muitos desfechos possíveis para os processos de impeachment que acuam o governo, e que chegam ao ápice nesta sexta-feira (23). Em todos os cenários, Santa Catarina sai perdendo.

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Digamos que o governador Carlos Moisés e a vice, Daniela Reinerh, sejam afastados por 180 dias. O presidente da Alesc, deputado Julio Garcia (PSD), assume o governo carregando nas costas um calhamaço de denúncias, que agora estão nas mãos do STJ, e com um pé no Legislativo.

​As portas abertas do governo aos deputados é a síntese da perfeita governabilidade e da tão falada harmonia entre os poderes. Mas Julio Garcia terá uma ‘dívida’ a pagar com os parlamentares que lhe entregaram a caneta.

Se, quando e como esse débito será cobrado são as perguntas que permearão um governo interino. Como bem pontuou o colega Upiara Boschi, semanas atrás, Michel Temer mostrou que um ‘governo tampão’ pode queimar rapidamente o capital político. É um governo que nasce engessado.

Em outra hipótese, a vice-governadora é poupada e assume o cargo. Nesse caso, é preciso lembrar que Daniela caiu nas eleições no mesmo paraquedas de Moisés. E é conhecida por ostentar a mesma falta de habilidade política.

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Embora tenha bom trânsito em Brasília, a vice foi ‘rifada’ publicamente, na Alesc, pelos colegas do PSL, seu antigo partido. Tem fama de obcecada com a própria segurança – até porte de armas solicitou – e foi escanteada pelo governo pelo qual se elegeu, o que a torna uma incógnita.

Por fim, existe a possibilidade de que Moisés derrube a hipótese de afastamento e consiga se manter em pé no governo. Nesse caso, há dois caminhos. Pode ser afastado um pouco mais à frente, pelo segundo processo de impeachment, ou pode ser poupado naquele também.

A continuidade, no entanto, levanta questionamentos sobre que governo sobreviverá a essa avalanche de processos. A relação com o parlamento, que nunca foi sólida, ganhou uma rachadura irreparável politicamente. Moisés terá sérias dificuldades em governador com uma base mirrada na Alesc.

Em todos os cenários, vencedores e perdedores se alternam. Exceto o Estado, que vem sendo prejudicado desde o início pela instabilidade política, que afeta a economia e a gestão pública.

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O impeachment foi como jogar uma pedra em água parada. Ela chega ao fundo, mas as pequenas ondas formadas pelo impacto continuam reverberando na superfície – e não têm prazo para acalmar.